Paulo Henrique Tenorio
NINGUÉM LÊ JORNAL EM MOGI MIRIM?!
Não são poucas as notícias dando conta que os jornais impressos sucumbem diante do avanço da internet dos lares brasileiros. Jornalões como Folha e Estadão, só para citar como exemplos, tiveram que reduzir suas tiragens nas últimas décadas, fruto também de uma população que não se interessa tanto pelo hábito da leitura como em outros países desenvolvidos.
A internet chegou sim para conquistar seu espaço. Com ela vieram comunidades, blogs e todo mundo acordou se achando no direito de ser “jornalista”. Os jornais se reinventam a todo instante. E sobrevivem aqueles que conseguem oferecer pontualidade, análise precisa e qualidade. Outros jornais emplacaram projetos que foram além da prensa da tinta no papel. Sites, portais, blogs, fan pages, canais de vídeo e outras coisas mais estão aí para serem consumidos.
Aqui em Mogi Mirim, na busca de informação, estão como opções emissoras de rádio, jornais, tv e internet. Levando em conta os três jornais da cidade (A Comarca, de circulação semanal, O Popular, de circulação bissemanal, e O Impacto, de circulação semanal), existe um universo imenso de leitores. A partir do que eu imagino que seja a tiragem de cada um destes jornais, a julgar pelo o que cada um vende em mais de 140 pontos de vendas (a maioria em comum entre os três), constata-se um resultado interessante.
Costuma-se calcular que um exemplar de jornal é lido, em média, por até cinco pessoas. Outros acreditam que por três. Não há exagero algum, porque um mesmo exemplar é passa pelas mãos do marido, da mulher, dos filhos, da empregada e até mesmo do vizinho. Sem falar naqueles exemplares que circulam nos locais públicos (Prefeitura, Biblioteca) ou em estabelecimentos comerciais, como bares e restaurantes. Quem é sócio do Clube Mogiano sabe muito bem que um mesmo exemplar é lido pelos frequentadores do restaurante aos sábados e domingos.
Por isso, ouso dizer que, por semana, invariavelmente 60 mil pessoas passam o dedo sobre a folha de algum jornal local em Mogi Mirim. Ok, se achar exagero, por baixo - muito baixo mesmo - chuto umas 40 mil pessoas lendo uma linha que seja de algum impresso da cidade por semana. Não é uma pesquisa exata, porque é impossível deduzir quantas pessoas passaram o olho sobre um mesmo exemplar. No máximo, chega-se à venda absoluta de jornais nos pontos de vendas, o que leva a crer que ninguém pagará por algo que não irá consumir. Mesmo que alguém compre o jornal para ler o resumo de novela. Está valendo.
A partir desta constatação, chega-se a uma conclusão: os jornais são bem lidos em Mogi Mirim, ainda que a periodicidade seja pequena (não se esqueça que dois jornais circulam semanalmente). Talvez, o universo de leitores dos três jornais é igual ou até maior do número de eleitores da cidade. É pouco... não acha? Para compensar a falta de outras edições, os jornais lançaram portais e estão aí espalhando conteúdo nas redes sociais. Não é preciso ser especialista para descobrir que jornal é lido, em grande parte, por um público de meia idade ou até mais “experiente”. A internet agrega tudo isso e, principalmente, crianças, adolescentes e jovens, que formam uma faixa que não é atingida em cheia pelos jornais - ainda que jovem realmente não compre um jornal que acaba sendo adquirido pelo seu pai ou alguém de sua casa.
A internet, que muitos acreditam que seja a mesma “peste” que ameaçou o rádio quando inventaram a televisão, sofre de um grave problema. Existem hoje muitos endereços noticiosos que desinformam ou deformam a informação. E o leitor de internet, afoito por novidades em sua linha do tempo no Facebook, aceita qualquer baboseira. É por isso que a internet ainda não tem a mesma credibilidade que os meios impressos.
O alento é que os jornais estão sabendo usufruir destas plataformas, tanto que os melhores portais de notícias e entretenimento são mantidos por empresas de comunicação - a maior parte deles ligados a grupos de jornais, televisão e rádio.
Voltando à realidade de Mogi Mirim, mais precisamente à marca O Impacto, não sou besta de achar que jornal impresso é uma fonte inesgotável de soberania na mídia local. Jornais que seguem a mesma receita há décadas tendem a fracassar. É preciso se reinventar. Conteúdo, qualidade, visual e “outras coisinhas mais” surtem efeito, ainda que o mercado publicitário não seja mil maravilhas e por aí estejam desfilando uma infinidade de coisas que conseguem, sob um custo menor ou até mesmo encobertos por estatísticas mentirosas, angariar patrocínio.
É por isso que O Impacto, antes mesmo de lançar seu site na internet, inovou com um portal de vídeo, que encerrou 2013 com números impressionantes de acesso. Só para se ter ideia, em 365 dias no ano, o dispositivo do play de algum vídeo foi acionado quase 500 mil vezes. Mas, cabe ainda uma ressalva, porque de janeiro até junho a TV O Impacto não produzia reportagens, exibia apenas entrevista, tão logo não é preciso ser um “JÊNIO” (sic) para entender que, a partir do segundo semestre, a visitação só aumentou, tanto que no mês de setembro 87 mil acionamentos de vídeo foram computados, somando quem assistiu alguma reportagem por inteiro ou quem a viu parcialmente.
Ainda acha pouco? No segundo semestre coloquei o portal de O Impacto no ar. O site é até atualizado com frequência, embora não seja regra publicar o conteúdo policial que tende a atrair mais “ibope”, porque não é este o objetivo. Como consequência, o número de internautas só tem crescido. Nos últimos 30 dias, foram mais de 20 mil páginas visualizadas. É pouco ainda para o que vem pela frente, mas é só uma demonstração do poderio que O Impacto - e consequentemente os jornais concorrentes - poderá alcançar.
Todos estes projetos apenas reforçam a ideia principal, que é fazer um jornal que satisfaça seus leitores. Jornal impresso por si só é um grande desafio, pois o custo de impressão impossibilita a existência de muitas empresas. Mas, eu acredito no meio impresso, assim como os milhares de leitores e assinantes dos três jornais de Mogi Mirim. Do contrário, não embarcaria num projeto desses apenas por ideologia.
Como resultado, 2013 termina como O Impacto havia planejado:
- crescimento de 15% em tiragem e em vendas de exemplares
- 12% de assinantes a mais do que em 2012
- os números sobre o faturamento sobre publicidade não estão totalmente fechados, mas muito mais empresas acreditaram no “produto jornal” porque reconhecem a credibilidade do meio
- nossa carteira de cliente aumentou muito acima do esperado fora das datas especiais
- o sucesso de duas plataformas (portal de notícias e a TV O Impacto) fala por si só
- mudamos para uma sede no centro, a empresa passou a empregar mais gente, ganhamos maior visibilidade em Mogi Mirim
Com tudo isso, ainda sou obrigado a ouvir que “ninguém lê jornal em Mogi Mirim”. Imagine, então, se fosse lido. A confiança de colaboradores, anunciantes, parceiros e do principal, os leitores, só faz crescer a nossa responsabilidade. Se hoje está bom, amanhã pode ficar ainda melhor. É por isso que os projetos continuam a sair do forno. Porque acredito, sobretudo, que O Impacto deve crescer como marca que tem como sinônimo de informação com qualidade e credibilidade. Tudo isso foi conquistado até agora graças, principalmente, ao início de todo este processo, o jornal impresso. Que, se depender de quem o consome, não vai acabar nunca.
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