terça-feira, 24 de setembro de 2013

ÁGUIA DE HAIA - VEJA O MOTIVO DESTE TÍTULO AO ADVOGADO RUY BARBOSA...

A ÁGUIA DE HAIA VOOU ALTO SOBRE O MUNDO

Na Holanda, as nações soberanas do mundo passariam a conhecer o peso do delegado brasileiro na Segunda Conferência da Paz.
 
Transcorria o ano de 1907, a perspectiva de uma guerra mundial exigia imediata conferência com a participação de todos os governos soberanos do mundo objetivando a conscientização para o desarmamento. A convocação foi feita pela Rainha da Holanda e pelo Czar da Rússia, sendo que nessa época o Brasil, dependente dos EEUU, não apresentava qualquer importância, apenas submissão ao país norte-americano.
 
Afonso Pena, após assumir a Presidência da República, passou a cogitar a participação do Brasil na Conferência de Haia, Holanda. Sob pressão do jornal Correio da Manhã e manifestação do povo, o Barão do Rio Branco, Ministro das Relações Exteriores, que sugerira o nome de Joaquim Nabuco, cede e aceita Rui (Ruy) Barbosa, que por decreto presidencial é nomeado embaixador extraordinário e plenipotenciário como delegado do Brasil na Conferência de Paz.
 
Nas discussões, de início considerado impertinente e pretensioso, Rui, senhor de vasta erudição e detentor de lógica irrepreensível, passou a despertar admiração e respeito. Empregara a mesma linha de pensamento em suas teses, estruturadas nas conclusões da Terceira Conferência Pan-Americana realizada em 1906 no Rio de Janeiro – "Rechaço a hegemonia dos Estados Unidos na política internacional".
 
Em 12 de julho, como ponto alto, confrontando De Martens, presidente de uma das comissões, Rui Barbosa, de improviso, em francês, surpreendeu o representante russo com uma réplica à sua sustentação de banimento de assuntos políticos na conferência. Ao acontecimento, Brown-Scott, delegado americano, declarou: “Eis o novo mundo que se faz ouvir pelo velho”. Em atuação corajosa, diante dos representantes das grandes potências – Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha – que defendiam a formação de um Tribunal de Arbitramento formado pelos países mais fortes, o delegado brasileiro contrapôs que a escolha das nações atendendo critérios estruturados no poder militar acarretaria uma corrida armamentista e, criou um impasse durante os debates ao apresentar a tese que, perante a ordem jurídica internacional, todos os Estados são iguais e soberanos.
 
A repercussão internacional da atuação brasileira foi tão grande que os diplomatas em regresso da Holanda espalhavam as notícias sobre o sucesso de Rui Barbosa. Georges Clemanceau, ministro francês, a ele assim se referiu: “Idealista humanitário, eloqüente ao extremo, enfim jurisconsulto de Haia, para coroar tantas virtudes.” O jornal londrino, The Times, comparou-o a Talleyrand, diplomata francês presente ao Congresso de Viena em 1814: “Os discursos de Rui Barbosa continham expressões dignas de um Talleyrand.”
 
Em dezembro de 1907, o povo brasileiro, demonstrando o máximo do seu orgulho e carinho, consagrou ao seu herói, que retornava vitorioso da Holanda, o título de: “A Águia de Haia”.
 
Como exemplo para todos os brasileiros que ainda não se conscientizaram da grandeza do seu país, vejam o que Rui Barbosa deixou gravado para conhecimento das futuras gerações: “Vi todas as nações do mundo reunidas, e aprendi a não me envergonhar da minha. Medindo de perto os grandes e os fortes, achei-os menores e mais fracos do que a justiça e o direito”.
Autor:Edvaldo Tavares

Nenhum comentário: