quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Justiça condena os cinco acusados da morte da deputada Ceci Cunha


MACEIÓ - A Justiça Federal em Alagoas condenou- após três dias de julgamento- os acusados de matar a deputada federal Ceci Cunha- assassinada a tiros, com três parentes, em 16 de dezembro de 1998, no bairro da Gruta de Lourdes, em Maceió.
Todos foram acusados nas mortes por motivo torpe, sem chance de defesa e condenados a prisão por homicídio qualificado.
O julgamento demorou três dias e terminou na noite desta quarta-feira. Pela primeira vez, defesa e acusação cruzaram versões divergentes sobre o crime, citaram depoimentos sob torturas, testemunhas choraram e mortos foram citados como testemunhas da chacina que matou Ceci, o marido dela- Juvenal Cunha-, o cunhado, Iran Carlos Maranhão e a mãe dele- Ítala Maranhão, em 16 de dezembro de 1998.
O Ministério Público Federal defendeu a autoria intelectual do crime- o suplente de Ceci, o médico Talvane Albuquerque, e seus assessores Jadielson Barbosa da Silva, Alécio César Alves, Mendonça Medeiros e José Alexandre dos Santos. Segundo o MPF, Talvane queria matar Ceci para assumir o mandato.
Já a defesa de Talvane e assessores acusou o ex-governador de Alagoas, Manoel Gomes de Barros, o Mano, na trama. Ele teria contratado os policiais Robson Rui, Sinvaldo, Fininho e Valter Dias para executar o crime. Todos estão mortos por execução. O motivo do assassinato de Ceci e parentes, defenderam os advogados: Ceci teria recebido R$ 2 milhões por um acordo para ser vice de Mano, ficou com o dinheiro, lançou-se a deputada federal e ganhou a votação.
"Este juri tem provas para acabar com a impunidade neste crime", disse o procurador da República, Rodrigo Tenório.
Além de defender a tese que "Talvane mandou matar Ceci Cunha", Rodrigo Tenório procurou mostrar que o assassinato foi em ato de covardia: "Ceci tomou um tiro de 12 pelas costas", disse o procurador da República.
Já o advogado da defesa, Welton Roberto, citou como testemunhas na trama os policiais mortos por pistolagem e o testemunho de Wolkmar dos Santos- morto a tiros em 2005, na cidade de Marechal Deodoro, a 20 quilômetros de Maceió: ele cita o ex-governador Manoel Gomes de Barros como principal interessado na morte de Ceci Cunha.
- O Talvane é um louco, um psicopata, disse o ex-governador Mano.
A defesa disse ainda que os réus foram torturados para supostamente incriminar Talvane e eles mesmos no crime. As torturas aconteceram em Maceió- pela Polícia Civil- no Maranhão e na cidade de Marabá, no Pará.
- Essa é a defesa da gritaria, da fumaça, temos laudos que atestam que não houve tortura. Onde estão as marcas?, perguntou o representante do Ministério Público Federal.
- Esse processo tem muitas provas, interceptações telefônicas, documentos, afirmou o procurador da República, Gino Sérvio Malta Lôbo.
O julgamento- que aconteceu 13 anos após o crime- lotou o auditório da Justiça Federal. Do lado de fora, foram montados telões para a falta de espaço no plenário.
Talvane contratou advogados da cidade de Ribeirão Preto e um escritório de advocacia em Maceió.

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