Gazeta Guaçuana - 22.08.2013
M E T R A L H A D O R A
Maurinho Adorno
As necessárias
manifestações de rua
A população brasileira sempre foi ordeira, em busca do progresso do país e de seu bem estar. Pacata, por algumas vezes se rebelou pontualmente, como nos protestos das “Diretas Já”, em que buscava democraticamente eleger seus governantes. Uma verdadeira onça que, na atualidade, resolveu contra-atacar os que a atingem com vara curta. Esses protestos, comuns em países do chamado primeiro mundo, vieram para ficar, e os governantes terão que saber conviver com o clamor popular e dividir com esse povo as decisões importantes de sua vida.
O movimento iniciado para protestar contra o alto valor pago pelos usuários de ônibus urbanos, de ora para outra passou a ser usado para demonstrar seu escárnio pela corrupção sorrateira que se instalou em diversos níveis da administração pública; pela impunidade que concede a liberdade aos políticos e poderosos; pela saúde precária que deixa os pobres morrerem às portas dos hospitais públicos, além de outras deficiências visíveis em áreas de responsabilidade do poder público. Não resta a menor dúvida de que a classe política é a responsável principal por esses problemas.
Os políticos ainda não entenderam que “o povo unido jamais será vencido” e, no mínimo, terão que compartilhar com esse povo as decisões que dizem respeito aos brasileiros. No tocante ao alto preço dos transportes urbanos, os governantes cederam ao reduzir as tarifas, mas não fizeram nada mais do que repassar a desoneração de impostos determinada pelo Governo Federal. Assim, não houve redução, mas sim, o repasse pela menor carga tributária.
Os manifestantes agora entram no cerne da questão: conhecer as planilhas tributárias, pois é justamente nelas que os empresários inescrupulosos manipulam os custos. É muito comum, por exemplo, eles utilizarem preços de pneus novos e depois colocar pneus recauchutados na operação. Evidentemente, embolsam a diferença. Há ainda a necessidade do poder público fiscalizar seriamente os quilômetros rodados de cada veículo e, o que é mais importante, estabelecer uma justa remuneração às empresas, isto é, arbitrar uma rentabilidade dentro de percentuais normais de uma atividade prestadora de serviços.
As manifestações, de outro lado, precisam ser feitas de maneira ordeira, sem prejuízo do direito constitucional de ir e vir dos cidadãos. A infiltração de baderneiros, como se vê nos grandes centros, é prejudicial aos organizadores dos movimentos e pode tirar a força das reivindicações. Cabe aos organizadores isolar essas pessoas, para que elas – e somente elas – sejam responsabilizadas pelos atos de vandalismo.
Aos governantes cabe a orientação das forças policiais para que o exercício da liberdade de manifestação seja ordeiro e pacífico. A repressão, até com uso de força, deve ser dirigida apenas aos arruaceiros – pessoas que se aproveitam do movimento para saquear lojas, e depredar bens públicos e particulares. Mais que tudo isso, a classe política precisa entender que a população está a exigir serviços públicos essenciais à sua vida, como saúde, transporte e educação e que esses serviços sejam contratados ou concedidos dentro da legalidade, sem a famigerada corrupção. As manifestações vieram para ficar, e elas são bem vindas.
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