sexta-feira, 21 de novembro de 2014

LATA D'ÁGUA NA CABEÇA, SERENATA DO SAPIENTE MAURINHO ADORNO PARA AUTORIDADE GOVERNAMENTAL... CLIQUE E DIVIRTA NESTA ALEGRE CRÔNICA...

Vou fazer serenata
ao ilustre governador

“Lata d'água na cabeça, lá vai Maria, lá vai Maria. Sobe o morro e não se cansa, pela mão leva a criança, lá vai Maria. Maria lava roupa lá no alto, lutando pelo pão de cada dia, sonhando, com a vida do asfalto, que acaba onde o morro principia”. Minha mãe cantava essa música enquanto ensaboava nossas roupas, com sabão feito por ela mesma, com sebo de boi e soda cáustica, e continuava a cantoria durante o tempo em que esfregava a roupa em um tanque de cimento. Era alegre e feliz.
Naquela época não havia água encanada, mas todas as casas possuíam seu poço, de onde tiravam o líquido com o auxílio de uma corda, uma roldana e uma lata de óleo de 20 litros. Muitos tomavam dessa água, sem ferver, pois na época não existia a contaminação dos lençóis freáticos. Em algumas casas, talvez pela conformação geológica, a água era mais leve e seus proprietários abriam suas portas aos vizinhos. E era comum se ver mulheres com latas d’água na cabeça.
Com a chegada da televisão, começamos a conhecer o problema da seca no nordeste, algo inusitado para todos nós. Eu me lembro de uma campanha feita pelo rádio e televisão, pedindo auxílio para os “flagelados” do nordeste, um povo sofrido, sempre vivendo bravamente, mesmo vendo e convivendo com suas plantações castigadas, e seu gado morrendo à míngua pelo grande período de seca. Eles, os nordestinos aprenderam a conviver nessa situação e nós, do sudeste, jamais imaginaríamos viver dessa maneira.
Os entendidos no problema da água e, principalmente os responsáveis pelo monitoramento hídrico, são unânimes em informar que em anos anteriores nós já tivemos períodos de estiagem prolongada como o deste ano no estado de São Paulo, mas a seca de agora revela um fato importante: as nascentes secaram e, por mais que venham a jorrar, não serão benfazejas como o foram no passado. Escrevi uma crônica sobre o uso de perfume francês, a picardia beira a realidade.
Na crise da água, o governador Geraldo Alckmin jurou, de pés juntos, que a água não faltaria na capital até março de 2015. Enrolou os eleitores para ganhar a eleição. Enrolou tanto que eu me lembrei da corda que descia ao fundo do poço amarrada à lata d’água. Ele já tirou água até do lodo das represas e agora pretende reutilizar o esgoto, na verdade, transformar merda em água. Se ele o fizer, dou minha vida novamente para vê-lo, como médico sanitarista, tomar dessa água recuperada do mais poluído rio brasileiro. 
Nesse momento de crise líquida – de água e de petróleo, com os roubos na Petrobras – penso seriamente em fazer uma consulta com o geriatra Oscar Faria Junior para esclarecer se estou com senilidade ou algum outro distúrbio. Meu pensamento, a cada dia que vejo o Alckmin falar sobre o tema, é em ir ao Palácio dos Bandeirantes e presenteá-lo com um tonel de carvalho de 200 litros do perfume Lancaster, um perfume de antigamente cujo odor atravessava fronteiras.
Na verdade, espero que São Pedro abra as torneiras e derrame a água do céu e um pouco de sensatez ao senhor governador. Dependendo de meu médico e de São Pedro, se tudo não sair como espero, vou mudar minha forma de protesto: vou acampar na residência oficial de Vossa Excelência e fazer homenagens diárias, cantando: “Lata d'água na cabeça, lá vai Geraldo, lá vai Geraldo...”
  • Marcia Moraes  achei ótimo o tonel de Carvalho com 200 litros de Lancaster...quem não lembra desse perfume. Lá vai Geraldo, lá vai Geraldo...
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  • Maurinho Adorno Agradeço e desejo um ótimo dia, amiga Cleusa Meneghine Leal.
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  • Maurinho Adorno Lembranças, Marcia Moraes, lembranças!

    Grato pela leitura.
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  • Neusa Bidetti Georgetti Pois é Maurinho, infelizmente tudo isso faz parte do pretenso progresso. Infelizmente nossos governantes não estao preparados para governar e sim para tirar proveito dessa governança.
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  • Marlene Balbino AMEI.BEM LEMBRADO.BJS
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  • Luis Henrique Martins Rosa Realmente preocupante amigo Maurinho,talvez as pessoas que moram nas cidades não tenham se dado conta da gravidade do problema,sabem que o problema existe mas não tem a dimensão do tamanho.Eu que ando pela zona rural por força do meu trabalho,dou-lhe inteira razão meu amigo pela sua preocupação.Vou junto c/você acampar em frente ao palácio dos bandeirantes.
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  • Sandra Bonatti Bom dia MaurinhoAdorno. Parabéns pela ótima matéria. ..Será que teremos que só depender de São Pedro para termos agua!!!
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  • Maurinho Adorno Eles enrolam, enganam, manipulam dados, etc, amigaNeusa Bidetti Georgetti.

    Grato pela leitura.
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  • Maurinho Adorno Grato por sua leitura, amiga Marlene Balbino.
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  • Maurinho Adorno Amigo Luis Henrique Martins Rosa, você está encarregado de levar o aparelho de som e eu levo o CD da música "Lata d'água na cabeça".

    Grato pela leitura.
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  • Maurinho Adorno Coitado do São Pedro, amiga Sandra Bonatti.

    Água se consegue com a proteção das nascentes, com matas ciliares e, principalmente, com o aumento da capacidade dos reservatório, para enfrentar crises como essa.
    Grato por sua leitura.
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  • Geni Rechia Bom dia amigo bjs  você merece, ótima crônica, mas triste pela realidade que vivemos. Abraços!
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  • Maurinho Adorno Obrigado, grande amiga Geni Rechia.
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  • Janio Aparecido Pereira Antigamente não faltava água no mesmo tempo era tudo difícil pra se viver . mas o povo era feliz , hoje tem tudo fácil e é complicado .minha mãe conta 3 dias por semana ela ia buscar água na mina mais ou menos hoje ponto socorro e o cem, antiga estação mogiana , fazia fila de pessoas diz ela . saudades desse tempo q ela comentou VC lembra ?
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  • Maurinho Adorno Lembro me bem, amigo Janio Aparecido Pereira.

    Eu morava na Fernão Dias, perto da Kaiser, e buscava água nessa mina. Tempos bons.
    Grato pela leitura.
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  • Glaucia Beckert sou do Paraná lá até agora não vi seca de chegar faltar agua mas aqui desde 2000 que cheguei aqui é segunda seca que Mogi enfrenta !!!
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  • Mariangela Barbarini Longato Realmente essa crise é muito preocupanteMaurinho. É preciso conscientização...nós do sudeste sempre estivemos acostumados com uso de água em abundância e temos a mentalidade de que o Brasil tem fontes inesgotáveis, mas o cenário está ai para desbanca...Ver mais
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  • Raimundo Mota Lata d'agua na cabeça é um grande risco de assalto nos dias de hoje .... necessidade dessa preciosidade, água é vida, quem não a tem, corre sério risco...
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  • Sueli Trentin Ouvi dizer que o Alckmin pede penico a Dilma pra resolver crise da água: oito milhões de penicos pro povo não precisar dar descarga !!!!
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  • Darly Noronha Boa adorei!
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  • Maurinho Adorno Esse ano a seca está triste, amiga Glaucia Beckert.

    Grato pela leitura.
  • Maurinho Adorno A gente acampa um dia na porta da Dilma e outro na do Alckmin.

    Combinado, amiga Mariangela Barbarini Longato.
    Grato pela leitura.
  • Maurinho Adorno Sueli Trentin, são oito milhões mesmo. Penicos prá mais de metro.

    Grato pela leitura.
  • Maurinho Adorno Grato por sua Leitura, amiga Darly Noronha.
  • Odinovaldo Dino Bueno Bem, pensador amigo - Maurinho Adorno - as águas vão rolar, só na promessas de alguns políticos, tal como no desvio do rio São Francisco, verdeiro circo! Que saudade dos rios de nossa infância, águas cristalinas onde víamos os lambaris de rabo avermelhado e as lavadeiras alegres e cantando; hoje, só lendo uma maravilhosa crônica de um inspirado amigo que sempre nos leva aos tempos idos que só fazem voltarmos aos bons tempos de criança e revivermos na nossa linda lembrança imagens que ficaram das boas coisas que vão passando e ficando na maravilhosa história das ricas memórias que o TEMPO NUNCA APAGARÁ! Esta, ao Adorno de todos, como sempre - amigo Maurinho - além de fazer parte do seu esperado livro de crônicas e outras atrações - com certeza - vai ser bem acessada por este mundão ser porteira - no saberladino.blogspot.com - xadrezdinobueno... e demais páginas que reproduzirem esta agradável recordação...
    SABERLADINO.BLOGSPOT.COM|POR ODINOVALDO DINO BUENO

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