domingo, 9 de janeiro de 2011

Ciência do sangue

'Biópsia líquida', nova esperança contra o câncer

Gigante americana investe 30 milhões de dólares para aprimorar exame de sangue que pode detectar vários tipos de tumor

Marco Túlio Pires
O novo exame de sangue poderá se tornar um procedimento corriqueiro no futuro

O novo exame de sangue poderá se tornar um procedimento corriqueiro no futuro (Photoresearchers/Latinstock)

Desde a última última segunda-feira, está mais próximo o dia em que a biópsia, um exame invasivo e doloroso para detectar o câncer, fará parte do passado. Uma parceria entre uma empresa americana e o Hospital Geral de Massachusetts (EUA) prevê o investimento de 30 milhões de dólares para que um teste de sangue capaz de revelar uma célula cancerígena no meio de bilhões de outras saudáveis seja aperfeiçoado.

O novo exame de sangue surgiu em meio à explosão de novas técnicas de sequenciamento genético e análise de substâncias químicas, que começaram a aparecer nos últimos dez anos. O dispositivo desenvolvido pela equipe do médico americano Daniel Haber, diretor do centro de câncer do Hospital Geral de Massachusetts, consiste em uma placa do tamanho de um cartão de visitas com minúsculos bastonetes impregnados de anticorpos capazes de aprisionar uma única célula cancerígena. Depois de revelada, a célula presa recebe um brilho artificial para facilitar a análise dos médicos. Até o momento, a técnica pode detectar células de câncer de pulmão, mama, cólon, próstata e pâncreas.

Associated Press

O médico Daniel Haber conseguiu 30 milhões de dólares para tornar realidade o novo exame de sangue

Daniel Haber: 30 milhões de dólares para viabilizar novo exame de sangue

O método é capaz de detectar a presença de células doentes mesmo quando os sintomas clínicos do câncer ainda não se manifestaram. Isso quer dizer que o novo exame poderá prever casos da doença com muita antecedência, aumentando exponencialmente as chances de cura do paciente. “É uma espécie de biópsia líquida”, disse Haber.

Esperança — O chefe da pesquisa afirma que o novo exame, conhecido pela sigla CTC (células de tumor em trânsito, em inglês), não irá imediatamente substituir a biópsia — procedimento em que um pedaço de tecido é removido do corpo para análise em laboratório. “O CTC será primeiramente útil para os pacientes que já têm câncer. Será possível monitorar o andamento do tratamento”, disse Haber, em entrevista ao site de VEJA.

A médica americana Lecia Sequist, uma das autoras do estudo, afirmou que o exame poderá, no futuro, ajudar no diagnóstico do câncer que ainda não se manifestou. “Ainda falta muito para que o teste seja aplicado a grandes populações”, disse Lecia. Contudo, a nova parceria entre as instituições americanas permitirá que nos próximos anos a técnica seja estendida a outros tipos de câncer e que eventualmente cada oncologista tenha seu "kit de adaptação", capaz de detectar as várias manifestações da doença

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