sexta-feira, 1 de abril de 2011

NOSSA CRONISTA DA ÁUSTRIA: FALANDO DO AMOR DA AVÓ...

Uma cronica dedicada a uma pessoa muito especial

Rosangela Scheithauer-Diogo Bueno 01 de abril às 05:19
Queridos amigos, queria compartilhar com voces essa cronica que dediquei à minha querida avó, pois ela fez um papel primordial na minha infancia. Aprendi muito com ela, mas o principal foi "dar e receber" amor. Espero um dia ser para os meus netos o que a minha avó foi para mim!



A minha querida Vó!
(Rosangela Scheithauer)




Vai ser dificil colocar em palavras o sentimento que tenho por minha vó Cezira, aquela pessoa maravilhosa que cuidou de mim quando eu era pequenina, que me fazia dormir, que me mimava, acariciava, me dava tanto amor.
Como ela, nao existirá nenhuma outra avó. Ai que saudade eu sinto dela!
Na casinha da rua João Teodoro lembro-me que ela tinha uma cama reservada só para mim, quando fazia frio ela me punha ao lado do fogão, quando fazia calor ela me deixava só de calcinha brincando no quintal.
Nao tinha comida que ela nao fizesse para mim, bastava só mencionar algum prato e pronto já ia prepará-lo. Que eu gostava de lentilhas ela sabia, cozinhava sempre que eu a visitava.
Roupa nova nunca me faltava, ela sabia que eu gostava.
No meu aniversário me enchia de presentes. Meus irmãos nunca negaram o ciúme que sentiam, ela trazia algum presentinho para eles em seus respectivos aniversários, mas eu também sempre ganhava alguma coisa... e nem era meu aniversário!
O meu vô, que eu carinhosamente chamava de Vô Gordo, era um velhinho simpático que gostava de ir à praça e voltar com uma maçã para mim. Ai de alguem que gritasse comigo!
Minha vó sempre me levava passear, coisa que eu adorava, e me deixava brincar com as crianças da rua inteira. Até nadar na piscina de uma das vizinhas ela deixava... só que eu nao sabia nadar, entao ela nao despregava do meu lado!
À noite, quando eu dormia na casa dela, nunca faltava uma estorinha, um carinho, um beijo e as palavras „durma com os anjos, fia!“
Não me esqueço daquela vez que fomos à praia, foi a primeira vez que ví o mar. Ela não tirava os olhos de mim, tinha medo do mar, ela tambem nao sabia nadar. Tiramos fotos daquelas de binóculinhos, hoje nem existem mais. Ah! Como ela ficou linda naquela foto.
Ela gostava de ir „visitar“ os parentes falecidos no cemitério e me levava junto. Nós andávamos por todos os lados procurando este ou aquele, rezávamos uma Ave-Maria e um Pai Nosso, sinal da cruz, beijo no túmulo, e pronto, íamos para o outro parente repetir o ato. Eu gostava de olhar dentro das janelinhas dos túmulos para ver se o „parente“ estava lá ! Queria por toda lei levar pra casa os anjinhos dos túmulos, achava-os tao bonitinhos. Ela dizia que nao podia e ria da minha ingenuidade.
Ela não era uma pessoa culta, mas sua sabedoria muitas vezes me assustava.
Minha infância foi bela por tê-la ao meu lado, por ter-me dado aquele amor típico de vó, por ter sido minha amiga e companheira de todos os momentos. Era para ela que eu contava os meus problemas, minhas dores, meus sentimentos. Quando comecei a ter namoradinhos, era para ela que eu contava os meus segredos, ela me dava toda liberdade.
Ela achava graça nas músicas que eu gostava de ouvir, sabia que eu era fã do John Lennon e sempre ria quando eu cantava suas músicas sem entender sequer uma palavra. Deixava-me ouvir meus discos na vitrola e nunca reclamava do „barulho“.
Quando comecei a trabalhar ela me pedia para „passar lá „ depois do trabalho e eu o fazia com tanto prazer. Às vezes dava só uma passadinha rápida, dava-lhe um beijo e ia embora pois tinha que estudar.
Um dia eu lhe disse que gostaria de ir embora do Brasil, queria conhecer a terra do John Lennon. Ela ficou tão triste, não queria nem pensar nesta idéia.
Lembro-me como hoje do dia em que fiquei sabendo que ela estava doente e precisaria ser operada. Ela sofreu por alguns meses, eu a visitava diariamente, sentia suas dores, chorava suas lágrimas.
Minha vó querida se foi, deixou um vazio tão grande em meu coração, deixou todas as mais belas e puras recordações, deixou em mim todo o seu amor.
Queria tanto que meus filhos tivessem uma avó como a Vó Cezira. Minha mãe seria a candidata ideal, porém, está tao longe deles. A avó que eles têm aqui não é uma avó de verdade, não faz nada disso que a minha fazia!
Vó mesmo é e será sempre, eternamente, a minha única e mais amada Vó Cezira.
Agora sei porque ela nao queria que eu levasse os anjinhos do cemitério para casa... eles pertencem ao seu jardim!
Durma com os anjinhos, vózinha querida! Amo voce.



Rosângela
Rosangela Scheithauer-Diogo Bueno 01 de abril às 08:53
p.s.: anexo a foto de binoculinho tirada na praia de Santos (esta foto agora já nao está mais em binoculinho e sim em papel normal).


Um comentário:

Rosangela Scheithauer disse...

Dino, muito obrigada por publicar! Fica aqui registrado o meu eterno amor pela Vó mais maravilhosa do mundo!!
Voce nao vai acreditar, escrevi essa cronica há muitos anos atrás, mas cada vez que a leio meus olhos se enchem de lágrima!
Abracao a voce e a todos que lerem essa cronica.