Nosso Cantinho O IMPACTO 19.07.2014 – Maurinho Adorno
O magnífico e
importante mês de julho
Na minha infância, eu gostava muito do mês de julho, por um motivo: mês de férias escolares, com 31 dias para brincar na rua de terra, empinando papagaios (ou pipas), jogando futebol, bolinhas de gude e desfrutando de outras distrações. Era também a época em que frequentava o sítio de minha avó. O frio era intenso, com temperaturas bem inferiores às de hoje, mas não eram impeditivas aos momentos felizes.
No final da segunda quinzena, a angústia e o medo começavam a tomar conta. Agosto era mês agourento, de cachorro louco. Dia 13, o pior de todos, pela crendice popular era dia de azar; quando caia na sexta-feira, pior ainda. O mau agouro era associado a fatos catastróficos, como a destruição das cidades japonesas Hiroshima e Nagasaki, vítimas de bombardeio atômico, ou a morte por suicídio do presidente e ditador Getúlio Vargas.
Antes de sair à rua, minha mãe alertava “cuidado com os cachorros, se você notar algum babando, ele é louco, fuja dele”. O alerta tinha tempo certo, começava dia 1º. e terminava dia 31 de agosto, como se estivéssemos imunes a ataques dos cães nos dias 31 de julho e 1º. de agosto. Apenas uma vez, vi um cachorro louco, o coitado estava amuado numa calçada e babava muito. Não soube quem era o dono, mas disseram que foi sacrificado.
Dizem que, em virtude do clima, no mês de agosto existe uma incidência maior de cadelas que entram no cio; os machos, mordidos por morcegos hematófagos, brigam pelas fêmeas e, de tanta raiva, babam. Da mesma forma, ao se sentirem acuados por serem humanos, atacam e transmitem a doença, conhecida como raiva. Hoje os casos são raros, graças à vacinação.
Mas, esse negócio agosto ser mês de mau agouro pode não ser verdade e, se não for, meu amigo Agostinho é vítima de uma mera coincidência: ele nasceu numa sexta-feira, 13 de agosto, e é um camarada supersticioso, pois no dia de seu aniversário fica em casa, isolado, conforme me disse em tom sarcástico:
– Meu pai me dizia que registrou meu nome em homenagem a Santo Agostinho, mas, como ele tinha superstição, acho que colocou o nome para me livrar de maus agouros, como se fosse um antídoto à sexta-feira, 13.
Contudo, voltando ao mês de julho, além de ser mês de férias, ele tem marcas históricas relevantes. No dia 20 de julho de 1969, os astronautas americanos Neil Armstrong e Edwin Aldrin desceram da nave Apolo 11 e tornaram-se os primeiros humanos a pisar na superfície lunar. As cenas percorreram o mundo e, até hoje, tem gente que não acredita na façanha. Daí, estelionatários aproveitaram a oportunidade e começaram a vender terrenos de um loteamento na lua. Dizem que os portugueses foram os que mais compraram lotes, mas é brincadeira com nossos amigos.
Amizade é fundamental em nossas vidas. Como existe dia comemorativo para tudo, o mundo todo resolveu instituir o “Dia do Amigo” no dia 20 de julho. Amigo é aquele que nos dá o ombro, quando as lágrimas correm o rosto por algum motivo. Amigo é muito bom, desde que não seja “amigo da onça”, aquele que se aproxima por interesses escusos. Às vezes, eu me pergunto quantos amigos tenho. Sei que são poucos. Estou, por aqui, cumprimentando os meus.
O mês de julho é belo. Acho que até mais admirável que o mês de maio, o das noivas, ou dezembro, o das festas natalinas. É o mês mais exuberante e mais sexy do calendário: é o mês do aniversário de nascimento da modelo e minha particular amiga Gisele Bündchen. Ela nasceu num dia 20. No mesmo dia 20, por mãos da parteira Sarah Leme da Costa, numa casa da Rua Ministro Cunha Canto, em Mogi Mirim, nasceu um menino a quem resolveram dar o nome do pai, Mauro. É o fato mais insignificante do mês de julho.
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