quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A FÉRTIL CRIATIVIDADE DO CRONISTA MAURINHO ADORNO E A CORRIDA PRESIDENCIAL NESTE GIGANTE ADORMECIDO: CARLINHOS PESQUISOU E JÁ ESCOLHEU SEU CANDIDATO... Veja os comentários...

Nosso Cantinho O IMPACTO 27.09.2014 – Maurinho Adorno
Carlinhos pesquisou e
já escolheu seu candidato 
Esse é o título de minha crônica do próximo sábado, 27/9, no jornal O Impacto. Convido-os à leitura.
Eu acredito não ter conhecido em minha vida alguém mais politizado do que o Antonio Carlos, o Carlinhos, um torneiro mecânico, residente no bairro do Mirante, filho do Eusébio, um maquinista da antiga Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. Penso que essa politização tenha como origem a estreita amizade de seu pai com o Antonio Roberto Costa, o Robertinho, um dos vereadores mais atuantes da Câmara de Mogi Mirim, nos tempos em que a vereança não tinha subsídio. Acho que houve uma sucessão de diálogos: Robertinho com o Eusébio, e este com o filho.
Carlinhos me contou seu dilema sobre a eleição presidencial. Como não tinha opinião formada, teve uma brilhante ideia: resolveu entrar em contato pessoal, via telefone, com os principais candidatos. Foi à sede do Partido dos Trabalhadores, PT, e pediu o número do fone particular da Dilma Rousseff, aquele vermelhinho que fica à direita de sua mesa, no quarto andar do Palácio do Planalto. Ligou e o diálogo começou.
Carlinhos: Presidente, em caso de ser reeleita, a senhora vai acabar com a corrupção no governo, na Petrobrás e nas outras estatais?
Dilma: Em primeiro lugar, me chame de presidenta. Não sei de onde estão tirando esses boatos. Eu nada sei de corrupção no governo. Vamos falar de Bolsa Família?
Carlinhos: Presidente, o país está numa situação difícil, com inflação alta, o desemprego chegando, e as indústrias praticamente paralisadas. Como a senhora vai resolver esses problemas?
Dilma: Por favor, me chame de presidenta, eu sou presidenta e vou continuar sendo presidenta. A inflação está controlada, não há empresa paralisada e muito menos desemprego. Vamos falar das obras do PAC, das casas do programa “Minha Casa, Minha Vida”. Vamos falar do Bolsa Família? Eu adoro falar do Bolsa Família.
Com essas importantes e elucidativas informações, Carlinhos se deu por satisfeito, desligou o telefone e, imediatamente, se dirigiu ao diretório do Partido da Social Democracia Brasileira, PSDB, onde conseguiu o telefone de cabeceira de Aécio Neves. Pensou: “é bom, ele poderá falar comigo deitado”. Arriscou a discagem e não deu outra, o candidato atendeu:
Carlinhos: O seu partido é acusado de ter feito o mensalinho do PSDB, e nos governos de São Paulo, a corrupção foi grande nas compras dos trens do metrô. A corrupção acabará no caso do senhor ser eleito?
Aécio: Eu desconheço a corrupção em Minas, meu estado. Deve ser intriga da oposição. Eu fui governador do Estado, construí um aeroporto na fazenda de meu tio. Mesmo assim, saí com 82% de aprovação de meus conterrâneos.
Carlinhos: A população tem medo, achando que o senhor será um político muito jovem, com vícios sérios. Todos estão pensando que o senhor será um novo Collor.
Aécio: Meus vícios são comer queijo minas e pão de queijo. Eu tenho experiência e não me comparo às raposas políticas, tantas como nunca antes se viu na história deste país. Além do mais, o Fernando Collor, o Sarney e o Renan Calheiros estão com a Dilma.
O assunto encerrou-se por aí. Em disparada, Carlinhos foi à sede do Partido Socialista Brasileiro, PSB, e conseguiu o telefone da casa dos familiares de Chico Mendes, em Xapuri, no Acre, onde outra candidata, Marina Silva, estava fazendo campanha. Iniciaram o diálogo:
Carlinhos: A senhora é ambientalista e isso causa um temor por parte do agronegócio. Como a senhora compatibilizará as duas coisas?
Marina: O crescimento sustentável, com respeito ao meio ambiente, é a minha proposta. Podem até desmatar racionalmente, desde que não cortem as seringueiras do Acre.
Carlinhos: A Dilma disse que a senhora travou projetos importantes ao desenvolvimento quando era ministra do Meio Ambiente. É verdade?
Marina: Não é verdade, demorou um pouco para sair a licença da usina de Belo Monte, porque eles queriam cortar um coqueiro plantado por meu avô. Você acha que eu deveria deixar? 
Após me relatar esses importantes contatos, meu amigo Antonio Carlos, o Carlinhos, me confidenciou seu voto:
– Eu trabalho no Guaçu, tomo duas conduções até chegar ao centro da cidade e depois tomo mais uma para chegar ao trabalho. Meu pai era ferroviário. Pensei muito: vou votar no Levy Fidelix, esperando que ele instale um aerotrem entre Mogi Mirim e Mogi Guaçu. Você não acha uma boa ideia?

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