sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

NÃO TENHO WHATS APP - CRÔNICA AGRADÁVEL DO AMIGO MAURINHO ADORNO QUE DEIXA ESTE AVISO A TODOS...


Sob o olhar de Maurinho Adorno – Gazeta 08.01.2015
Aviso aos amigos,

não tenho Whats App
A transformação nos aparelhos, máquinas e equipamentos, todos eles recebendo novas tecnologias, em ritmo acelerado, é algo assustador e até difícil de acompanhar. Sou um pouco relutante com esses avanços, talvez pelo cansaço mental próprio da idade, ou pela preguiça cerebral. Numa época, cheguei a dizer que não iria aprender mais nada – pensei que o conhecimento obtido por décadas era suficiente –, mas tive que me curvar a alguns apetrechos indispensáveis para viver nesse mundo cada dia mais evoluído. Nos dias de hoje, procuro aprender o mínimo indispensável.
Aos 14 anos, no início de uma longa vida de trabalho, eu me matriculei numa escola de datilografia e fiquei maravilhado com as máquinas Remington e Olivetti. Era algo fenomenal. Nossa mestra, Cecília Garros Parra, era severa e nos dava tantas tarefas a ponto de fazer pequenas calosidades nos dedos. Após inúmeras e cansativas páginas do “asdf” e das inúmeras sequências do teclado, iniciamos pequenos textos – éramos uns seis alunos na sala. Até que, um dia, a Cecília resolver nos vendar com uma tarja de pano preto, para que decorássemos a posição das teclas.
Era inimaginável pensar que um dia os computadores viriam a fazer parte integrante de nossas vidas. Eles chegariam para determinar a morte das máquinas de escrever e das linotipos que utilizávamos na gráfica. Linotipo era uma máquina de composição de textos, cujas letras eram fundidas em pequenas chapas, com a mistura de chumbo e antimônio. Os primeiros computadores, eu os comprei quando meus jornais passaram a trabalhar no sistema “offset” e foram instalados na sede da Gazeta Guaçuana, na época instalada em um prédio à Avenida Castelo Branco. 
Eram poucas máquinas, destinadas exclusivamente à montagem das páginas. A primeira edição com o novo sistema, simplesmente não existiu, não circulou. Os textos foram sendo digitados no Word, na medida em que eram finalizados pela editoria. No início da noite, os diagramadores não conseguiram localizar as matérias. Na verdade, o professor de informática contratado se preocupou apenas em ensinar a diagramação, mas se esqueceu desse pequeno detalhe – transferir do Word para o Pagemaker. Como o mestre morava em Poços de Caldas, no dia seguinte pedimos socorro ao pessoal da antiga Champion Celulose. O jornal, contudo, só foi às ruas dois dias após essa famigerada noite.
Os repórteres datilografavam os textos e eles eram encaminhados à digitação no pequeno CPD. Com o tempo, e com melhores condições financeiras, adquirimos alguns computadores para substituir as máquinas de escrever da redação. O mais difícil foi convencer os repórteres a entrar na era da digitação. Um de meus amigos, jornalista Argemiro Repas, o Miro, não cedeu à modernidade. Carregava uma máquina portátil debaixo do braço, escrevia, e passava as laudas para alguém digitar. Somente aceitou o computador há 2 anos. E, mais fantástico que isso, entrou no Facebook.
Há máquinas e aparelhos cujos são tão complexos que merecem um curso para entendê-los. É o caso do “Manual do Proprietário” de meu carro: são centenas de páginas para explicar o funcionamento. Não li e não o lerei. Eu me contento com as poucas informações básicas passadas pelo vendedor no dia em que o retirei da agência.
Na vida de hoje, temos que nos adaptar às mudanças tecnológicas dos inúmeros aparelhos. Agora surgiu o Smartphone, com seus inúmeros aplicativos. Por diversas vezes recusei um desses, a última como presente de Natal. Ainda estou fiel a um aparelho comum, suficiente para fazer e responder as ligações de familiares e amigos. Dizem até que esses celulares comuns deixarão de ser fabricados proximamente. Se isso acontecer, eu me curvarei e comprarei um Smartphone, mas me recusarei a utilizar o Watsapp.

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