terça-feira, 15 de março de 2011

XADREZ: O HOMEM E O COMPUTADOR...


... E O HOMEM CONTRA O COMPUTADOR


A característica da geração de enxadristas a que pertence Magnus Carlsen é que ela foi forjada sob forte influência dos computadores e dos softwares de xadrez. Numa entrevista recente, Carlsen não soube dizer se tinha em casa um tabuleiro de xadrez convencional – seu treino, que lhe toma de seis a oito horas diárias, é todo feito com o computador. Em maio de 1997, causou enorme repercussão a derrota de Garry Kasparov na partida que disputou com o supercomputador Deep Blue, construído pela IBM. Parecia incrível que a inteligência cibernética sobrepujasse a humana. Mal se sabia o que estava por vir. Naquele tempo, os programas de xadrez eram apenas grandes bancos de dados de jogadas, anteriormente catalogadas em livros para consulta. Com o avanço da tecnologia e a chegada da internet, os softwares ficaram mais espertos. Além de ser possível atualizá-los com os lances das partidas recém-jogadas, o computador já pode simular o estilo de jogo dos melhores enxadristas, ou seja, imitar soluções criadas por jogadores de carne e osso. "Com os programas de xadrez atuais, é muito difícil vencer a máquina, tanto por sua velocidade de processamento de dados quanto pela qualidade dos lances", diz o enxadrista carioca Darcy Lima, detentor do título de grande mestre e membro do conselho da Fide.

Isso significa que, para derrotarem os computadores, os jogadores têm de ser mais inteligentes? Não necessariamente. Disse a VEJA o psicólogo cognitivo Fernand Gobet, da Universidade Brunel, em Londres, autor de pesquisas que relacionam o xadrez com a inteligência de seus praticantes: "Hoje está provado que o QI não é fator decisivo para se tornar um grande jogador de xadrez. O mais importante é começar a jogar o mais cedo possível, ter motivação para aprender sempre mais sobre o jogo e treinar muito. Só assim se chega a guardar na memória meio milhão de jogadas". Essa foi a trajetória percorrida por Magnus Carlsen.

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