Cantinho O IMPACTO 27.07.2013
Beatriz casa no Copa,
sem o sutiã da Gisele
Maurinho Adorno
No ano de 2005, a modelo brasileira Gisele Bündchen encerrou em alto estilo seu contrato com a marca Victoria’s Secret, desfilando com um sutiã cravado de diamantes, à altura de sua plástica e seus contornos, o Red Hot Fantasy. Entre uma e outra taça que abrigava os seios de Gisele, a peça suportava uma das mais lindíssimas joias, com destaque a um dos brilhantes de fazer inveja a qualquer mulher. A joia é avaliada em US$ 15 milhões, um pouco acima de R$ 30 milhões pelo câmbio de nossos dias.
Beatriz sonhou usar o Red Hot Fantasy em seu casamento, uma cerimônia de R$ 3 milhões, no Copacabana Palace, com direito a um show de Latino. Depois de muita insistência com os representantes da Victoria’s Secret no Brasil, conseguiu um contato telefônico com a matriz da marca, nos Estados Unidos. Não precisava de intérprete, pois “dominava” razoavelmente o inglês. Suspirou antes de iniciar o diálogo com uma diretora da grife:
Sou do Brasil e vou me casar no Copacabana Palace. Meu sonho é desfilar com o Red Hot Fantasy na festa de meu casamento. Preciso saber como faço.
Susan Montgomery, a responsável pela locação de peças da grife, discorreu sobre as condições do empréstimo:
– Minha querida, em primeiro lugar, você precisa saber que essa é uma peça muito cara. Só o aluguel para um dia custa US$ 500 mil. 
Saltitante, vendo que a negociação estava caminhando muito bem, Beatriz disse logo:
– Não há problema, vovô paga o aluguel. Adiantado, se você preferir.
Do outro lado da linha, Susan percebeu que Beatriz estava ávida para usar o sutiã da Gisele Bündchen. Pensou: “deveria ter pedido mais”. Mas, continuou com as condições:
– Nós temos também o problema de transporte. Essa é uma peça que não pode ser transportada em avião de carreira. Nós temos os custos de aluguel de um avião a jato.
Susan teria como transportar a joia rara. Um ônibus sairia do Rio de Janeiro, iria pelo Norte, entraria na América Central, adentraria ao México e pronto: sutiã às mãos. Mas, sabia que essa econômica proposta não seria aceita. Falou, convincente:
– Não há problema, vovô paga o avião a jato.
Acostumada a conversar com pessoas ricas de todo o mundo, Suzan continuou:
– Sabe, Beatriz, vocês ainda terão que pagar os seguranças, 50 deles, arcando ainda com as despesas de transporte e hospedagem.
A noiva carioca estava firme em seu propósito. Falou rapidamente;
– Não há problema, vovô paga os seguranças.
Mais uma imposição da vendedora:
– Há um custo de seguro, o Red Hot Fantasy precisa ser segurado em US$ 15 milhões.
Segura de si, Beatriz confirmou:
– Não há problema, vovô paga o seguro.
Victoria’s Secret não é apenas uma empresa que vende moda para as ricaças. Vende também perfumes, cremes e, sonhos, muitos sonhos. 
Suzan, experiente em vendas, procurou saber o perfil de sua nova cliente:
– Conte-me um pouco a respeito desse seu maravilhoso avô.
Claro que a “Noiva de Copacabana” sabia decor e salteado a vida do pai de sua mãe.
– Meu avô tem mais de 5.000 ônibus, emprega umas 100 mil pessoas, tem até um banco, o Banco Guanabara. Ele é amigo do Sérgio Cabral, governador do Estado do Rio de Janeiro. No meu casamento, não haverá problema: vovô pagará a conta.
Movida pela curiosidade, a representante da Victoria’s Secret perguntou:
– Mas, como se chama seu avô? Orgulhosa, Beatriz respondeu:
– Meu avô é o Jacob Barata, e eu, Beatriz Barata.
Suzan quase caiu da cadeira. Refeita do susto, foi enfática.
– Barata não usa Victoria’s Secret. 
E desligou o telefone.
Em meio aos protestos na Avenida Atlântica, em seu casamento pomposo, Beatriz não vestiu o sutiã Red Hot Fantasy. Não sei se as baratas compareceram.