- Nosso Cantinho O IMPACTO 09.02.2013 Maurinho AdornoVou beijar-te agora,não me leve a mal...Era uma verdadeira festa que se iniciava uma semana antes da data inicial. Carros transitavam entre o Tucura e o Aterrado, levando os admiradores para os ensaios das escolas de samba “Zuavos do Tucura” e “Acadêmicos do Aterrado”, esta comandada pelo toque magistral da frigideira do Orozimbo Janini. Eram as duas mais antigas agremiações da cidade. A elas se somava a escola “Catedráticos do Samba”, composta por jovens da sociedade. Depois vieram outras escolas e blocos carnavalescos. Cito apenas o tempo em que eu vivi esses folguedos de Momo.No domingo e na terça-feira, a população deixava suas casas e perfilava na Praça Rui Barbosa para assistir aos desfiles. De municípios vizinhos, os ônibus chegavam lotados para o espetáculo. Carros alegóricos entremeavam as diversas alas, sempre com mais destaque às baianas, formadas pelas mulheres mais idosas das escolas. É lógico que existia o “palanque oficial”, para os políticos tirarem uma “casquinha”. Era festa de família.Samba no pé não faltava. Nas calçadas ou das janelas das casas, os expectadores não regulavam na quantidade de confete e serpentina atirados nos foliões. Estavam acostumados a adquirir esses produtos na lojinha de produtos carnavalescos do “Rio Negro”, instalada na Rua 15 de Novembro, onde também eram vendidas máscaras e bisnagas de água. E a festa corria solta.Esguichavam o lança-perfume, acondicionado em tubo de aço, produto com venda permitida. Tudo saudável. O perfume, geralmente, era lançado geladinho nas costas das meninas e elas adoravam. Era o mesmo “Universitário”, hoje em tubos de vidro, vendido no contrabando, pois descobriram ser alucinógeno, uma vez inalado através do lenço embebido. Eram momentos de alegria. Com pureza.Os desfiles carnavalescos, com direito à eleição de Rei Momo, serviam de aquecimento aos que curtiam os bailes carnavalescos. Amilcar Malvezzi,, e Pedro Devito e Ulysses Peres de Barros, presidentes respectivamente do Grêmio Mogimiriano e Clube Recreativo, não mediam esforços para oferecer os melhores bailes aos foliões.Na verdade, existia uma disputa velada entre eles. E isso era bom, principalmente aos que frequentavam os dois clubes. A Praça Rui Barbosa tinha um movimento intenso no “vai e vêm” entre as duas agremiações. Jovens buscavam o melhor baile, o mais movimentado, ou simplesmente o encontro de suas paqueras.Os concursos eram uma constante: melhores fantasias e melhor folião. Nair e Nelson Pereira dos Santos eram os que sempre estavam na cabeceira dos prêmios. Ele, motorista da viação Santa Cruz, conseguia sempre uma folga nos dias de baile. O Eugenio Mazon Junior, o Geninho, compreendia e o tirava da escala. Acho sabia, se o escalasse não contaria com seus serviços e os passageiros ficariam na mão.Mas, o carnaval não se resumia apenas aos desfiles das escolas e blocos, e os bailes noturnos. As matinês eram concorridas, com as mães corujas, procurando fazer as melhores fantasias para seus filhos. Teve uma época, lá com meus 14 anos, em que frequentava a matinê e os bailes noturnos, até que me expulsaram dos bailes infantis. Era um bom tempo, época em que a pureza prevalecia.A música “Mascara Negra” era uma de minhas preferidas. Depois do “vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval”, sapecava um beijo na companheira. Eu era feliz e não sabia.Maurinho Adorno é jornalista.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário