quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

CRUELDADE SOCIAL E A VELHICE NA METRALHADORA DO ATIRADOR ADORNO FILHO... Leia esta útil crônica...


  • Gazeta – 21.02.2013        M E T R A L H A D O R A - Maurinho Adorno
    A velhice e a
    crueldade social
    A expectativa de vida dos brasileiros ultrapassa os 70 anos, conforme dados estatísticos levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, mas a grande pergunta que faço é se adianta viver muito sem qualidade de vida. Nessa época, em plena aposentadoria, os brasileiros sofrem com a situação financeira, pois seus rendimentos são aviltados por um sistema de cálculo injusto: ganham menos do que ganhavam na ativa e, em contrapartida, gastam mais pela necessidade de mais medicamentos para o tratamento de doenças que surgem em sua velhice.
    A defasagem da aposentadoria é iniciada no momento dos cálculos dos benefícios: ninguém consegue se aposentar com o mesmo numerário da época em que estava em atividade. Há reduções nos cálculos, pois a atualização dos últimos anos de recolhimento, para efeito da média, é feita por índices que não acompanham o custo de vida. Às vezes discuto sobre o tema e sugiro o seguinte: veja quanto você ganhava há 10, 15 anos e calcule a capacidade de compra de um determinado produto – óleo de soja, 900 mililitros da marca Liza, por exemplo. 
    Ao fazer o mesmo cálculo com seu benefício previdenciário nos dias de hoje, você chegará a um número bastante inferior. A inflação não se mede pelos índices oficiais, mas sim pela sua capacidade de compra. As mulheres conhecem mais a inflação ao visualizarem os preços nas gôndolas dos supermercados do que os burocratas governamentais. Esse sistema aviltante e cruel precisaria ser revisto para que os idosos não penem justamento na época em que mereciam ter uma vida tranquila. É o resgate a uma vida dedicada ao trabalho pelo país.
    A crueldade para com os idosos, contudo, não se restringe apenas ao assaque em sua aposentadoria, mas sim nas péssimas condições de atendimento que recebem. Não estou falando em calçadas esburacadas e estabelecimentos comerciais de difícil acesso ou de locais para lazer ou mesmo de asilos para uma vida digna. Falo é de sua saúde, do péssimo atendimento que recebem dos governos, seja o municipal, o estadual e federal.
    As autoridades constituídas, sentadas em seus polpudos rendimentos – honestos ou não – não aguardam meses para uma simples consulta com um médico especialista ou para fazer exames indispensáveis para um bom diagnóstico. Elas têm seus planos seus planos de saúde e capacidade financeira para fazer tratamento de forma particular. Talvez por isso tratem do tema com banalidade.
    No caso de cirurgias a gravidade ainda é maior. Muitos morrem à espera de uma vaga para o procedimento cirúrgico. Conheço diversos casos e todos sabem disso, através de exenplos na própria família, por amigos ou pelo acompanhamento desse problema diariamente pela televisão ou pelos jornais. E todos pagam – idosos ou não – por essa letargia e omissão dos poderes públicos. A arma é o protesto, diretamente nos legislativos e, principalmente, através do voto. Os idosos, especialmente, merecem respeito e uma vida digna. Não se esqueçam os jovens de encamparem essa bandeira, pois precisam raciocinar que os anos passam e um dia estarão na mesma vala.

    Mauro de Campos Adorno Filho
    e ex-diretor dos jornais Gazeta Guaçuana e O Impacto. 
    mauro@cpimpacto.com

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