Nosso Cantinho O IMPACTO 16.08.2014 – Maurinho Adorno
Minha candidatura nasceu
e morreu na mesa do boteco
Em um bate papo com alguns amigos, e atendendo uma solicitação deles, pensei em entrar na política e, com humildade, disse a eles “se resolver atender ao pedido de vocês, começarei por baixo, como candidato a suplente de vereador”. A decisão pelo cargo é técnica e obedece às constatações das estatísticas que conheço: é mais fácil se eleger suplente, pois são necessários menos votos. Não que me julgue incapaz de ocupar uma cadeira no legislativo de minha cidade, mas sim, para garantir minha eleição, pois como todo mundo sabe, eu não gosto de perder.
Minha cidade cresceu muito, com bairros distantes do centro ou de onde moro, o Jardim Paulista. Hoje, a cidade tem bairros se aproximando de Itapira e já se uniu a Mogi Guaçu, duas cidades que fazem parte da “Grande Mogi Mirim”. Assim, concluí ser difícil percorrer todos os bairros, mais o distrito de Martim Francisco, além das chácaras espalhadas pelos quatro cantos, como a Sol Nascente ou as Chácaras São Marcelo, onde meus amigos Sebastião Broetto e José Carlos Tavares têm suas propriedades de recreação.
Com características de metrópole, Mogi Mirim, segundo os mais ufanistas, deve estar com seus 250 mil habitantes. Eu, realista, aposto em 249 mil. Assim, é difícil percorrê-la por todas as ruas e bairros durante a campanha eleitoral de suplente de vereador. Pensei, inicialmente, em fazer as visitas de bicicleta. Meu cardiologista, Jaiminho Franco disse que meu coração está preparado, mas minha fisioterapeuta, Ana Célia Gonçalves Caetano desaconselhou, temerosa por uma fadiga muscular.
Numa reunião na sede de meu futuro partido, no Boteco do Jorge, meus correligionários gostaram da campanha de bike. Carlos Roberto Rodrigues deu uma ideia, “entre os aros vamos colocar uma faixa, ‘Vote em Maurinho Adorno, o suplente que não se vende!”. Na mesma hora, o Zé Caleffi sacou seu smartphone, ligou para o dono da Malvezzi’s Bike, e deu a notícia: “eles vão consertar os pneus furados para você, de graça”. Em poucos minutos, uma nova contribuição, minha amiga Márcia Helena Panizzola comunicou: um posto de gasolina se ofereceu para encher os pneus da bicicleta, também de graça.
A campanha estava tomando grandes proporções. Meu amigo Gustavo, filho do Jorge, deixou o caixa, e veio à nossa mesa colocar à minha disposição sua contribuição:
– Quando você estiver de bicicleta aqui no bairro da Santa Cruz, pare aqui no Boteco do Jorge para descansar. Nós vamos dar um lanche a você, acompanhado de uma lata de guaraná Antárctica. É uma grande contribuição, pois vendemos a latinha, bem gelada, servida à mesa, com copo limpinho, por R$ 3,50.
A verdade é que fiquei feliz, mas depois de uma rápida reflexão, resolvi escutar o conselho de minha fisioterapeuta: nada de bicicleta, o negócio mesmo era fazer a campanha de carro. Discussões acaloradas. Luiz Carlos de Almeida, meu amigo taxista, conhecedor da malha viária da cidade, desaconselhou de pronto:
– Se fosse há 2 anos, tudo bem, mas hoje o trânsito de Mogi está uma catástrofe, você perderá muito tempo. Além do que, a cidade tem mais buraco que queijo suíço. Você gastará muito com amortecedores.
Vicente Caovila bateu o dedo direito na mesa e tentou impor:
– Você vai de helicóptero.
O mais novo integrante do partido e de minha campanha eleitoral, Antonio Carlos Bigonjal, rispidamente interrompeu:
– Nada de helicóptero, você vai de jatinho, assim dá para levar junto assessor de imprensa, fotógrafo, cinegrafista e assessor político.
Neto de mineiros por parte de mãe, portanto desconfiado por natureza, lembrei-me das mortes de Ulisses Guimarães, vitimado por queda de helicóptero em Angra dos Reis e, infelizmente, de Eduardo Campos, pela queda de seu jatinho, pensei com meus botões: “eles estão querendo me matar durante a campanha”.
A partir do conhecimento de que o helicóptero seria “cortesia” de uma construtora, e o jatinho de uma empresa fornecedora de merenda escolar, tomei a decisão: desisti de concorrer à suplência de vereador – vou me candidatar a síndico de prédio. Mas, antes, preciso comprar um apartamento. Se alguém souber de algum à venda, sem “comissão” ou corrupção, peço uma contribuição: avise-me.
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