Ô Trem bão sô! (boa crônica publicada pela amiga Denise no jornal O POPULAR - dia 22 de julho 2010)
Eram mais ou menos 2 horas da madrugada, eu rolava de um lado para o outro sem conseguir dormir. De repente ouvi um barulho continuo; levantei minha cabeça para identificar; era um trem, dava para escutar ao longe seu desenrolar nos trilhos “tataca-tataca”, fiquei por uns instantes curtindo o som e junto com a locomotiva viajei.
Norte de Minas Gerais, uma cidade quente “pra danar”, eu, ao longo da minha infância e dos meus, igualmente longos, loiros cabelos ficava lá, no alto de uma colina a admirar os vagões cheios de minérios, pretos como o carvão, brilhantes como diamantes. E era esse mesmo o barulho, “tataca-tataca”, que não parava mais, dava até sono; acreditem, eram horas a correr pelos trilhos e ativar minha mente, “para onde vão”!
Aquela cidade era pequenina, mas agitada! Por lá passa o Rio Doce, rio grande em tamanho e importância para a região. As feiras de agropecuária e rodeios lotavam o município. Nos 10 anos que ali estive, vivi histórias interessantes, mas também de arrepiar os cabelos.
Conselheiro Pena é o nome dela, ali conheci a vida e seu oposto, a morte. Da minha mãe quando eu tinha apenas 5 anos; dali para frente, amigos pequenos, amigos adultos. Assassinatos, afogamentos; disputas por terras, acidentes. Lembram do Rio famoso que citei? Uma família inteira se foi lá, caíram da ponte com carro e tudo; um jovem que trazia alegria para a galerinha com balas e doces, que ironia se afogou, logo nele que deveria ser Doce como o nome. Mas ele sabia ser bom, dava bastante peixes, meu pai antes de adoecer e esquecer da vida e dos filhos nos levava às suas margens.
Um dia vi um tumulto na rua, corri até o acontecimento, estavam linchando um coitado, sei lá porque, mas acho que morreu, também! Aprendi a andar de bicicleta, dizem que nunca se esquece né? É verdade! Fui dama de honra do segundo casamento de meu pai, 8 meses depois que a primeira se foi!!! Hã, minha mãe por sinal!! Aceitei!!! Ah! Fui seqüestrada 2 vezes, a babá queria se casar com meu pai, pode!!! E depois por ciganos espanhóis. Me safei das duas.
Nos tempos áureos de meu pai, que era gerente das Casas Pernambucanas, “tempo bom, não volta mais”, deixa pra lá!!!! Tínhamos passe livre em tudo; cinema, clubes, festas, bom nehh!!! Eu disse!!! Só sei que estudei, aprendi francês, e já esqueci!!! Dancei muito. Dei até aula de dança de salão aos 7 anos, eu era craque!!!! Me apresentei em palcos e fui requisitada uma vez nos palcos do cinema, é que não participei de um concurso e minha ausência foi notada, fazer o quê!! Modéstia a parte, fiz muitas apresentações em festas em residências com a música “Por favorrr, pare! Agora! Senhor juiz, pare agoraaaa!” Da Vanderleia , lembram? Alguns se lembram que eu sei!!!!
Minas! Estado enorme que abriga o seu e muitos outros povos, povo bom, meio devagar admito, mas receptivo, de comidas boas e uma série de “causos”. Lá nasci e cresci, pelo menos até aprender que um trem entra até no olho da gente se deixarmos, não esquenta não é só dar uma assopradinha que ele se vai! Ô trem bão sô, que é ser mineiro, ocê não conheci não?!!!! Pois devia!!!!!
Norte de Minas Gerais, uma cidade quente “pra danar”, eu, ao longo da minha infância e dos meus, igualmente longos, loiros cabelos ficava lá, no alto de uma colina a admirar os vagões cheios de minérios, pretos como o carvão, brilhantes como diamantes. E era esse mesmo o barulho, “tataca-tataca”, que não parava mais, dava até sono; acreditem, eram horas a correr pelos trilhos e ativar minha mente, “para onde vão”!
Aquela cidade era pequenina, mas agitada! Por lá passa o Rio Doce, rio grande em tamanho e importância para a região. As feiras de agropecuária e rodeios lotavam o município. Nos 10 anos que ali estive, vivi histórias interessantes, mas também de arrepiar os cabelos.
Conselheiro Pena é o nome dela, ali conheci a vida e seu oposto, a morte. Da minha mãe quando eu tinha apenas 5 anos; dali para frente, amigos pequenos, amigos adultos. Assassinatos, afogamentos; disputas por terras, acidentes. Lembram do Rio famoso que citei? Uma família inteira se foi lá, caíram da ponte com carro e tudo; um jovem que trazia alegria para a galerinha com balas e doces, que ironia se afogou, logo nele que deveria ser Doce como o nome. Mas ele sabia ser bom, dava bastante peixes, meu pai antes de adoecer e esquecer da vida e dos filhos nos levava às suas margens.
Um dia vi um tumulto na rua, corri até o acontecimento, estavam linchando um coitado, sei lá porque, mas acho que morreu, também! Aprendi a andar de bicicleta, dizem que nunca se esquece né? É verdade! Fui dama de honra do segundo casamento de meu pai, 8 meses depois que a primeira se foi!!! Hã, minha mãe por sinal!! Aceitei!!! Ah! Fui seqüestrada 2 vezes, a babá queria se casar com meu pai, pode!!! E depois por ciganos espanhóis. Me safei das duas.
Nos tempos áureos de meu pai, que era gerente das Casas Pernambucanas, “tempo bom, não volta mais”, deixa pra lá!!!! Tínhamos passe livre em tudo; cinema, clubes, festas, bom nehh!!! Eu disse!!! Só sei que estudei, aprendi francês, e já esqueci!!! Dancei muito. Dei até aula de dança de salão aos 7 anos, eu era craque!!!! Me apresentei em palcos e fui requisitada uma vez nos palcos do cinema, é que não participei de um concurso e minha ausência foi notada, fazer o quê!! Modéstia a parte, fiz muitas apresentações em festas em residências com a música “Por favorrr, pare! Agora! Senhor juiz, pare agoraaaa!” Da Vanderleia , lembram? Alguns se lembram que eu sei!!!!
Minas! Estado enorme que abriga o seu e muitos outros povos, povo bom, meio devagar admito, mas receptivo, de comidas boas e uma série de “causos”. Lá nasci e cresci, pelo menos até aprender que um trem entra até no olho da gente se deixarmos, não esquenta não é só dar uma assopradinha que ele se vai! Ô trem bão sô, que é ser mineiro, ocê não conheci não?!!!! Pois devia!!!!!
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