sábado, 18 de maio de 2013

MAURINHO - NUM ADORNO SEMPRE AGRADÁVEL - EM NOSSO CANTINHO - CONTA NOS: AS AVENTURAS COM A FAMÍLIA TRENTIN...




Nosso Cantinho O IMPACTO 18.05.2013
As aventuras
com a família Trentin
Maurinho Adorno
Não me lembro da data exata, mas com certeza o casamento da Elzinha aconteceu entre 1970 e 1972, em Belo Horizonte. Lúcia Ianzini Trentin, amiga de infância da noiva, não poderia faltar. Nem sua mãe e companheira inseparável, Anita Ianzini, a “vó Anita” e muito menos o seu marido e meu sempre amigo Aristides Trentin, o homem que revolucionou o mercado de televisão em Mogi Mirim e região, com a famosa “Colorado RQ”. Eu fui de contrapeso, e todos nós dentro de um Fusca zerinho que eu havia comprado naqueles dias. Viagem de três dias inesquecíveis, com passagens hilárias e divertidas.
Trentin e “vó Anita” eram como cão e gato. Brigavam com palavras diretas e indiretas. Por anos alimentei as divergências entre eles, jogando um com o outro. Depois entrava apaziguando. Era divertido. Ela tinha temperamento forte e raramente cedia. Ele levava na brincadeira e, ao final das farpas a abraçava e a beijava carinhosamente. Não existia viagem da Lúcia com o Trentin sem que não ela estivesse presente. Com certeza se amavam. Pela amizade sincera de quase meio século, eu me permito contar algumas das dezenas de situações que passamos juntos. Com saudade, por óbvio.
Mas, voltemos ao casamento da Elzinha. Nós nos hospedamos no centro da cidade e, após os retoques de maquiagem da Lúcia, fomos à solene cerimônia religiosa, na Igreja da Pampulha. Na recepção aos convidados, uma “festa de arromba”, como diria Erasmo Carlos em suas cantorias no programa “Jovem Guarda”, lá pelas tantas, fim de festa, a noiva veio até nós com um grande pedaço de bolo, embrulhado para viagem. Trentin, dentro de seu costumeiro bom senso, indagou:
Lúcia, nós vamos ficar com esse bolo dois dias no carro?
Não adiantou nada seu espanto; solícito, pegou a chave do carro e colocou o pacote no banco traseiro do carro. Despedimos dos amigos e saímos com destino ao estacionamento. “Vó Anita”, desatenta, abriu a porta e sentou com o seu bumbum avantajado sobre o pacote: bolo espatifado por todo o carro e roupa cheia de chantili. Trentin não perdeu a oportunidade para alfinetar:
– Tá uma merda só lá atrás. 
Em outra oportunidade, numa madrugada, ao chegar de um baile e na agitação para cair na cama, Rosana – filha da Lúcia – tirou suas lentes de contato, embrulhou-as em papel higiênico e as deixou sobre uma mesinha da sala. Na manhã seguinte, após procurar por toda a casa, indagou:
– Vó, a senhora não viu as lentes que deixei aqui?
A resposta foi hilária:
– Achei que era papel usado: joguei no vaso e dei descarga.
Em nossos dias, fico imaginando: as lentes foram parar no rio Mogi Mirim, navegaram pelo Mogi Guaçu, caíram no Rio Grande, desceram o rio Paraná, entraram na Bacia Platina e hoje devem estar boiando em algum ponto do Oceano Atlântico.
A “vó Anita” era malandra. Quando me acidentei, há 22 anos, ela fez uma promessa: se eu sobrevivesse iria agradecer a Nossa Senhora Aparecida. Sem minha permissão, prometeu à Padroeira do Brasil que iria me levar junto. Fazer o que? Um dia saímos, eu, ela, a Lúcia, minha esposa Maria Eugenia e minha sogra Maria Augusta. Trentin ficou trabalhando, pois alguém naquela família tinha que trabalhar. Destino: Aparecida, num bate e volta no mesmo dia. 
Após um dia de rezas, saí com destino a Campos do Jordão, “na moita”, para fazer uma surpresa para a “vó Anita” que não conhecia a bela cidade turística. Depois, esticada a São Lourenço e Caxambu. Dois dias de passeios não programados. Aristides Trentin acompanhava as peripécias pelo telefone. Ao retornarmos, nos recebeu à porta de sua residência:
– Esse Maurinho é um doido varrido. Muitos risos. E, hoje, saudades.

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