- Nosso Cantinho O IMPACTO 25.05.2013Os grandes garçons
e meus excelentes amigosMaurinho AdornoNos velhos tempos tudo era diferente. Era o tempo do fio de bigode. Meu pai viveu intensamente essa época, enquanto eu peguei o finalzinho dela, mas, infelizmente, nossos filhos estão vivendo em meio a cheques, promissórias e contratos, documentos nem sempre honrados. Casas, terrenos e fazendas eram vendidos com pagamento em longo prazo; esses imóveis eram transferidos em cartório e no vencimento o devedor batia à porta do credor para quitar o débito. Sempre em dinheiro, pois poucos possuíam conta bancária.Ao iniciar minha vida de trabalho, aos 14 anos, comecei a namorar um lindo casaco de nylon branco, exposto na Casa Marques, de propriedade do Ângelo Souto Bonel. Negociei a compra, e apenas ao citar o nome de meu pai o crédito foi aberto. Levei o agasalho na hora, com o compromisso de pagar em três parcelas mensais, sem assinar qualquer documento. Hoje, se a pessoa não tiver cartão de crédito, estará sujeito a um chá de cadeiras até que a loja consulte SPC, Serasa e etc. As cadernetas que usávamos no açougue, na padaria e no armazém ficaram na história.Nos bares era comum “dependurar a conta” e pagar logo após o recebimento do salário. No Bar Mirim, essa prática era comum. José Peres de Freitas, o Zizo, e sua esposa, Dona Norma, marcavam o consumo em umas papeletas e à saída dos clientes as arquivavam numa caixa de madeira, de fácil localização por ocasião do recebimento. Eu era freguês de caderneta deles e fazia os pagamentos no dia do vale (hoje adiantamento salarial) ou do salário mensal. Após o fechamento do estabelecimento, na época localizado à Rua Chico Venâncio, o Zizo me disse que poucos foram os “canos”.Na minha juventude, o Grêmio Mogimiriano era o templo da sociedade, onde eram realizados os mais memoráveis bailes, como Debutantes, as 10 Mais, Baile Branco e outros eventos na maioria das vezes promovidos pelo cronista social Luiz Antonio Balzanello. No Bar do Grêmio, explorado pelo Rubão, existia uma prática pouco usual em nossos dias. A “rolha”. Você levava um “Old Eight” e comprava um balde de gelo, cujo pagamento era chamado de “rolha”. Tomávamos esse whisky nacional pela impossibilidade de adquirir um importado contrabandeado e de alto preço - bebida dos ricos.No Bar do Rubão também se “dependuravam as contas”. Mas, os pagamentos não eram feitos ao proprietário, e sim aos próprios garçons, nos dias seguintes aos eventos. O interessante é que os garçons no Bar do Grêmio eram, na maioria, funcionários municipais: José Carlos Garcia, o “Mão”, Ângelo Barbarini, o saudoso José Roberto Maciel e o Antonio Bazan, o Toninho. Era com eles que eu fazia os acertos de minhas contas.Os bailes do Grêmio me proporcionaram fazer amizade pessoal com esses funcionários públicos de estirpe e seriedade, além da competência na profissão de garçons, desempenhada como “bico” para auxiliar o orçamento doméstico. Não os tenho encontrado, mas me lembro deles diariamente. O amigo “Mão”, por intermédio de seus filhos; o Ângelo, pela filha Mariângela, minha amiga de Facebook e, de vez em quando, pelo encontro com o Newton Barbarini; Toninho Bazan, amigo de pescaria, tomou chá de sumiço. Dois deles partiram de nosso mundo, o Rubão e o Maciel, o churrasqueiro nos finais de semana.Os tempos e os costumes mudaram. Em nossos dias impera o formalismo entre comerciantes e clientes. Tudo é preto no branco. Saudade da caderneta do armazém do Tico Cassiani e das latas de goiabada ou marmelada que ganhávamos ao pagar a conta. Saudade desses grandes garçons que me serviram comida, bebida e me agraciaram com a amizade. Tempos idos que não voltarão jamais.
sábado, 25 de maio de 2013
SAUDADE DE UMA FELIZ ÉPOCA: OS GRANDES GARÇONS E MEUS EXCELENTES AMIGOS... Especial "ADORNO" - do Maurinho ao NOSSO CANTINHO...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário