terça-feira, 21 de abril de 2015

CAPELA COM MAIS DE 300 ANOS - BAIRRINHO - ARTUR NOGUEIRA - TRAZ HISTÓRIA DE VÁRIAS FAMÍLIAS, INCLUSIVE ALMEIDA-FILIPPINI... VEJA QUE APRECIÁVEL MATÉRIA COM FOTOS E COMENTÁRIOS... PARABÉNS AO PARENTE HISTORIADOR - HELTON BASSI FILIPPINI.

Capela construída para catequizar índios completa 348 anos em Artur Nogueira

De acordo com sitiante nogueirense, pequena igreja foi inaugurada no dia 3 de outubro de 1666 para catequizar nativos que viviam na região


Localizada próximo ao rio Pirapitingui, no Bairrinho, a Capelinha, como é conhecida, marca a história de um município. Foi ali que há 348 anos diversos casamentos e batizados começaram a ser realizados. Atualmente, o local apresenta rastros do tempo. Velhas paredes que resgatam a vida de pessoas que fizeram de Artur Nogueira o município Berço da Amizade.
De acordo com relatos foi no dia 3 de outubro de 1666, há exatos 348 anos, que se inaugurou a capelinha. Construída pelo missionário espanhol Heitor Rodrigues, a igreja foi fundada com o objetivo de catequizar nativos que viviam nesta região. Em entrevista ao Portal Nogueirense, o atual proprietário das terras onde está localizado a Capelinha, João Santiago Martins, o Tataio, descreveu detalhes sobre a origem da pequena igreja. A história conta que nesse período o Brasil ainda possuía muitos índios, por isso a igreja foi fundada.
“No período em que navio subia e descia no Brasil, os estrangeiros começaram a trazer pessoas para a região. Aqui eles encontraram os silvícolas, ou seja, os nativos. Nessa história, teve um missionário que veio para a nossa região e começou a ensinar os índios. Para isso ele fez uma capela. Foi assim que a região se desenvolveu e a capelinha está até hoje entre nós. Ela foi planejada, construída e inaugurada por Heitor Rodrigues”, explica Tataio, hoje com 71 anos.
IMG_1517Tataio é o atual proprietário das terras onde está localizada a Capelinha 
Ainda segundo o sitiante, Heitor constituiu família aqui em Artur Nogueira, com isso a Capelinha foi passada nas mãos de diversas gerações. Os primeiros registros oficiais da utilização do espaço foram realizados pelo senhor Benedito Antônio de Almeida, que chegou no município em 1840. Vindo de Campinas, Almeida comprou a fazenda Santa Cruz da Boa Vista, onde ficava localizada a capela.
capelaFoto tirada por volta de 1900 mostra a família em frente a capela
Depois de 37 anos, a fazenda passou para outras mãos. Foi através do casamento entre a filha do senhor Benedito, Carlota Maria de Almeida, com Luiz Filippini, em 1877, que a fazenda foi dada como herança ao casal. Segundo Helton Filippini, que além de amar a história nogueirense tem parentescos com Luiz Filippini, o registro mais antigo da capelinha é o do casamento de Benedito de Almeida, em 1840.
Helton Filippini
O tataravó de Helton Filippini pode ter ajudado na reconstrução de uma nova capela

Acredita-se que a região do Bairrinho era um pouso de tropeiros, onde viajantes e cavaleiros paravam para descansar. A estrada que passa em frente à capela é uma remanescente do caminho que o Anhanguera, um dos mais importantes bandeirantes que desbravou o interior do Brasil durante o período colonial, abriu para ir a Goiás.
A capela ficava, antigamente, nas proximidades do meio do caminho entre Campinas e Mogi Mirim. “Aqui era o lugar onde se parava para descansar tanto para quem estava indo quanto para quem estava voltando”, conta Filippini.
Tropas
Construção
Na época a capela era de tijolos. Filippini não descarta a possibilidade de ter existido outra capela, de taipa, antes mesmo da construção conhecida pelas fotos. O que levanta as chances da capela ter passado por uma reforma antes de existir qualquer registro.
“Eu acredito que meu tataravó tenha ajudado na reconstrução da capela”, palpita Filippini. “Acredito também que havia outra coisa mais precária e que ele construiu a que tem hoje. Isso deve ter acontecido no fim do século 19, porque em 1850 não se usava tijolo e sim taipa de pilão, ou seja barro e palha”.
Por falta de informação, devido aos anos que já se passaram, não foi descoberto ao certo quem foi o padroeiro da igreja. Filippini supõe que seja Santa Bárbara. “Segundo meu avó materno, que atualmente tem 90 anos, a imagem que tinha dentro da capela era de Santa Bárbara.”
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Tataio concorda com Fillipini. “Eu conheci como padroeira da Capelinha a Santa Bárbara. Agora, há outros que dizem ser São Jerônimo. Mesmo assim, acredito fortemente que seja Santa Bárbara”.
Em alguns registros encontrados pela família Filippini é possível comprovar que havia um padre que atuava assiduamente na capela. “Nos registros são apontados vários batismos e casamentos”, explica Filippini. O nome do vigário Antônio Caravela aparece em alguns documentos. Mas o padre que está nas fotos não foi reconhecido. “Não sabemos ao certo se este é o padre francês, ou o padre José Michaude, que residia em Mogi Mirim na época da foto.”
Padre Francês
Atualidade
A equipe do Portal Nogueirense foi até o local para conhecer a Capelinha. Atualmente a igreja não recebe mais visitas e está abandonada. Mesmo cheia de rachaduras e sem reboco, a pequena igreja chama a atenção de quem passa por ali.
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A surpresa foi ver um local tomado por marimbondos, com grandes rachaduras na parede, telhas quebradas e um altar cheio de poeira e sujeira. Mesmo sendo afetada pelo tempo alguns santos ainda continuam ali.
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Mas outro item chama a atenção. Dentro da capela existe uma privada. A pergunta foi direta e rápida: Como isto veio parar aqui? Segundo Tataio, como muitos viajantes paravam ali a igreja se tornou um ponto de descanso. “Depois de um tempo, as pessoas começaram a morar e usar a capela como um dormitório. Hoje, ela é trancada para que isso não aconteça mais”, conta.
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A imagem, que segundo o proprietário é de Santa Bárbara, foi retirada pelo pai de Tataio junto com a cruz. Mas a inscrição do nome da capela ainda existe. Quase apagada pelo tempo.
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Parte das propriedades da família Filippini, a Capelinha já foi oferecida para a prefeitura para ser tombada como patrimônio histórico. Isso se deve ao fato de que mesmo com vestígios do tempo a pequena igreja contém parte de uma importante história do município.
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