"Então ela entendeu que ele estava bravo não por desconfiar de seu afeto, tão pouco duvidava de sua lealdade, também não temia deixar de ser amado ou que ela o abandonasse, não naquele momento, ele apenas a hostilizava por ser movido por um sentimento de ódio bem camuflado, por pura inveja mesmo. Estava claro que ele não suportava o fato de existir nela o dom natural de despertar o amor dos outros. De fato, ele tinha ciúme de tudo que possuía e invejava qualquer um que alcançasse um lugar, posição ou título que pudesse transmitir a idéia de poder. Ela era apenas mais uma de suas conquistas, um objeto que só lhe serviria enquanto fosse bela e jovem, enquanto fosse uma "máquina" vistosa e cobiçável. Tudo para ele era apenas um meio para alcançar o poder. Enquanto algo lhe rendesse status, prestigio e louvores, o manteria com ele, nem que fosse a força, e quando não lhe importasse mais, o descartaria sem receio ou pudor. A luz desse conhecimento lhe provia forças para reagir e se desprender de suas mãos possessivas, mãos sanguessugas, que esvaziava seu ser de todas as suas virtudes e dignidade. Ela percebeu que ele estava longe de conhecer que a admiração só é sublime quando em abnegação, uma renuncia a inconveniência, o não consentir em se apropriar daquilo que não lhe pertence, o não se tornar um ladrão; um conhecimento tão apurado do amargodoce da vida que ele, em sua miserável condição, precisaria evoluir milênios para alcançar. Ela estava a um passo de se libertar, só precisava querer"
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