Nosso Cantinho O IMPACTO 04.04.2015 – Maurinho Adorno
Sou muito sério,
Mas, existe o 1º. de Abril
A vida é feita de momentos bons e de outros nem tanto. Não há quem não tenha problemas dos mais diversos tipos, como saúde, angústia, decepção e revez de ordem financeira. Assim, é preciso contrabalançar com momentos de descontração, para que a carga seja mais fácil de suportar. Para amenizar essa carga pesada que a vida nos impõe, nada melhor que um encontro de familiares e amigos em torno de uma churrasqueira, um papo de boteco, um cinema, um passeio, um causo, uma piada bem contada, ou uma brincadeira sem maldade.
Nos velhos tempos, a brincadeira do denominado Dia da Mentira era muito praticada. Logo pela manhã, as crianças tentavam “pegar” seus pais e irmãos. Cada um inventava uma mentira mais cabeluda que a outra. Depois, era a vez dos colegas de escola. É claro que os adultos também aprontavam das suas. Muitos não confessavam a brincadeira, e esperavam que o “incauto” descobrisse por si só.
Originário da França, no Brasil, o primeiro de abril começou a ser difundido como o Dia da Mentira, em Minas Gerais, com a circulação do primeiro número do jornal “A Mentira”, trazendo uma verdadeira bomba em sua manchete de capa: o falecimento de Dom Pedro. A notícia se espalhou rapidamente e, somente no dia seguinte, 2 de abril é que o jornal desmentiu, revelando que se tratara de uma brincadeira.
Não sou de mentir, prefiro dizer a verdade, arcando com as consequências de minha fala. Mas, aprendi a brincar no Dia da Mentira, e sempre apronto alguma. Alguns amigos “caem”, outros não. Há protestos iniciais, mas depois de um período de tempo, a brincadeira começa a ser aceita. Aliás, existem ainda algumas pessoas que praticam a data. Meu amigo Vitor Caetano, de 11 anos de idade, fez uma tipoia em um de seus braços e foi ao Colégio Anglo de Mogi Guaçu. Amigos curiosos à sua volta, todos procurando saber a traquinagem feita pelo meu amigo, até a peripécia ser revelada: 1º. de Abril.
Em 1993, uma quinta-feira, primeiro de abril, todas as manchetes de primeira página do jornal “O Impacto” foram dedicadas à brincadeira. Na principal delas: Prefeito Bacar renunciou. Uma chamada, dando o motivo das ações dos personagens, sutilmente chamava para maiores detalhes na página dois, na coluna “Tome Nota”; ao final dela, apenas duas linhas: as matérias de primeira página são fruto de uma brincadeira de 1º. de Abril, Dia da Mentira. O ex-prefeito Jamil Bacar e os personagens levaram tudo na esportiva.
A mais atroz brincadeira, publiquei no Facebook há dois anos: em uma nota, em minha página, meus filhos (pelas minhas mãos) anunciaram minha morte, nos primeiros minutos do primeiro de abril. Logo pela manhã, a notícia estava alastrada. Com o passar das horas, fiquei sabendo que algumas pessoas estavam ligando para funerárias e ao velório, para obterem melhores informações. Meu amigo Odinovaldo Bueno relembrou a brincadeira em sua página social. Foi pesado. Muitas críticas, depois sublevadas. Como as proporções estavam aumentando, retirei o texto às 11h00. Muitas pessoas até ainda comentam comigo essa brincadeira.
Ressuscitado, no ano passado, resolvi ser um pouco mais light. No correr do dia, fui publicando fotos de uma hipotética viagem a passeio. Percorri grande parte da Europa, Ásia e América, em apenas algumas horas. Amigos desejaram boa viagem. Poucos perceberam a brincadeira. À noite, depois dessa “viagem virtual”, fui tomar uma cerveja no Boteco do Jorge.
O mais gostoso nessa brincadeira é você ir tramando o próximo Dia da Mentira. Já estou pensando em 2016. Nesse ano de 2015, em fins de março, mudei minha data de nascimento no Facebook para 1º. de Abril. Centenas de cumprimentos. Poucos amigos mais chegados e alguns parentes descobriram a brincadeira. Aos que não gostaram, peço desculpas. Para compensar, digo a todos: vocês anteciparam os cumprimentos e, no próximo dia 20 de julho, não precisam cumprimentar esse amigo que, apesar de sério, tem também seu lado brincalhão.
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