segunda-feira, 30 de novembro de 2009

UMA RECORDAÇÃO SUPER EDUCATIVA...

(ótima reflexão: enviada pelo amigo Milton Silveira - que quando garotinho viajava no trem de passageiros da mogiana, que num ato de heroísmo do lavrador Lázaro Adorno, foi salvo de se projetar na enorme vala em baixo do trilhos, provocada pela enxurrada do temporal que caira naquela noite no distrito de Martim Francisco. Àquela época - ele ia com sua mãe e avó até Casa Branca. Hoje - o comunicativo Milton Silveira - sempre preocupado pelo bem estar do próximo - mora, com sua bela família, num paraíso arborizado nas chácaras IPÊS. Que nos manda excelentes matérias, como essa que vocês vão ler, para os nossos blogs; este e o www,xadrezdinobueno.blogspot.com. Vejam nas postagens mais antigas...)

Para pensar!!!

"Bença pai, bença mãe". "Deus te abençoe filho", respondiam eles, quase em uníssono, conferindo se os dentes estavam bem
escovados e se as orelhas limpas. Já de pijama, íamos para a cama sem reclamar.

Não importava se iria passar filme bom na TV ou se no dia seguinte era feriado. Hora de dormir era coisa sagrada e a gente simplesmente obedecia. Assim como eram sagradas as horas das refeições, em que toda a família se reunia e comia o
que era colocado na mesa pela mãe. Não tinha preferências nem o "eu não gosto disso". Se não gostava, aprendia a gostar.

Ninguém falava de roupa da moda, muito menos de "marca". Usava-se o que era possível comprar e tinha que durar o ano todo. Só no aniversário ou então no Natal é que se ganhava um traje diferente, o mesmo que seria usado em qualquer outra
festa ou comemoração que surgisse nos meses subseqüentes. E parecia que todo mundo era feliz.
Cascudos e puxões de orelha faziam parte do cotidiano de quem não sabia se comportar, assim como eram comuns elogios e manifestações de orgulho da família, quando se conquistava uma boa nota ou se passava de ano por média.

A vida era muito mais tranqüila. Não se fazia balé, inglês, judô, caratê, piano, violão e tantas outras coisas que agora parecem ser obrigatórias para o currículo de crianças que nem saíram direito das fraldas. Futebol a piazada aprendia na rua, no campinho, com os amigos e vizinhos.

Não precisava de escolinha...

Aos sábados, a partir do meio-dia todo o comércio fechava, inclusive postos de gasolina. O tempo parecia passar bem mais devagar. Os domingos eram longos, preguiçosos. Ninguém trabalhava, com raras exceções. As pessoas conversavam frente a frente, pela janela ou nos portões das casas. Vizinhos e parentes se visitavam, levavam pedaços de bolo e pães caseiros para um bom café. Nem precisava telefonar avisando, pois visita era sempre bem vinda.

As meninas menstruavam no tempo certo; os meninos falavam fino e grosso indicando que chegavam à puberdade. Sexo era coisa proibida. Festinhas de garagem eram o máximo que os pais permitiam, sempre com algum adulto "de olho". As coisas eram mais difíceis, porém muito mais divertidas, e a gente tinha tempo de descobrir o valor de cada uma delas.

Tempo. Não sei que magias fizeram, mas o tempo passa diferente hoje em dia. Não há fins de semana. Os dias são todos iguais, atribulados, sufocantes. Todos estão sempre atrasados para alguma coisa. Os pais não abençoam seus filhos, que
dormem cada noite num horário, escolhem as roupas, determinam cardápios, xingam os avós, sapateiam na hora de ir para o colégio (e até fazem sexo no banheiro da escola, filmam e exibem na internet). Ao final de cada exaustivo dia, ainda ganham um presentinho, como compensação pela ausência dos pais, ocupados demais com o trabalho e um sem número de atividades. Os filhos crescem sem serem vistos, mas estão rodeados por computadores, videogames, celulares e uma parafernália tecnológica que os abduzem para um mundo irreal.

Os antigos piás arteiros parecem se transformar em garotos andróides desprovidos de sentimentos, de respeito e de limites. Acende-se a luz
vermelha. Será que não é hora de parar?

Mara Cornelsen


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