CURRÍCULO CRÔNICO
No dicionário, currículo é o documento que relata a trajetória acadêmica, profissional e pessoal de alguém, atestando habilidades, competências, traçando seu perfil ao empregador.
Já a definição de crônica, ainda no Aurélio, é dada como um relato ou uma narração, de um pequeno conto, de enredo indeterminado, qual também pode envolver a vida de alguém.
Concordo com o Aurélio, mas prefiro as minhas próprias definições para as duas palavras:
Currículo é a versão teórica de tudo aquilo que fizemos na prática, exigido pelas empresas, e que pode definir uma contratação, muito mais pela forma, ou mãos, pela qual ele chegou ao responsável da vaga, do que propriamente por todo o seu conteúdo escrito.
Já a segunda, prefiro defini-la de forma um pouco mais extensa e prática, usando, igualmente, palavras de minha autoria, aproveitando a oportunidade de unir o meu currículo a elas, fazendo jus não só ao título e significado da mesma, como também a minha real situação atual de vida. Ou seja: Crônica! Fernando Ferrari.
Sou, mais um, publicitário, 30 anos, paulista de nascença e residência, formado na Faculdade Uninove (2003), pós-graduado na Universidade São Judas Tadeu (2008), que ficou desempregado em 2009, que continua em 2010, mas que não desiste nunca! Afinal, o país tem apenas 16 milhões de analfabetos e a culpa é do publicitário que criou este slogan!
Falando nisso, sobre idiomas, tenho português fluente, fator que deveria ser primordial em muitos casos e cargos; inglês intermediário, distante do To be; o italiano é avançado, com vivência no país e o francês é intermediário, sendo única herança familiar, além da dupla cidadania que oferece vantagens como poder usá-la no caso de vergonha da primeira opção.
Meu objetivo profissional é trabalhar. Independente do cargo ou função. Simples não? Não!
Pois num mundo que exige feedback, não tenho tido nenhum retorno sobre os meus currículos, tanto os entregues pessoalmente, nem enviados pelas famosas empresas on-line, que se cato eu bato, nem os mandados direto a e-mails de responsáveis, que vou sabendo.
Mas também é muita covardia, um assunto tão inútil como o meu, de entregar meu passaporte para um futuro emprego, ter que dividir espaço, em caixas de entradas lotadas, principalmente, de correntes, futebol e gols da rodada, além das importantíssimas piadas que, mesmo chegando bem depois, acabam sendo lidas bem antes. Parece até piada!
– Se eu quiser atenção, tenho que jogar o jogo! – Pensei. – Conhecer alguém, contar uma piada, entrar por trás, sabe como é!? Desculpe. Não me entenda mal. Não quis ser grosso!
Eu só quis dizer que descobri que para ser interessante não basta só oferecer, também temos que dar! Droga. Era para ser sério isso. A piada acabou acima. Vou voltar ao currículo.
Comecei a trabalhar em 1997, como Office-boy e por onde eu passo, aprendo alguma coisa.
Lá, aprendi que a cidade é tão grande que não é possível que hoje, não tenha nenhum lugar qual eu não possa trabalhar e exercer as habilidades adquiridas. Depois, de 1997 a 2000, trabalhei como Assistente Administrativo e Comercial numa empresa de telecomunicações.
Somos como uma esponja. E vamos assimilando os conteúdos que por nós vão passando.
Em 2001 tive minha primeira experiência como Estagiário numa agência de comunicação, Globalcomm, por um curto, e previamente estipulado, tempo, sem chances de efetivar, aprendendo na prática a teoria: Trabalhe naquilo que gosta e nunca mais precisará trabalhar.
Depois, de 2002 a 2003, trabalhei como Técnico em Desenvolvimento e Qualidade, na Asea Brown Boveri – ABB, indústria multinacional do segmento de robótica e tecnologia, desenvolvendo materiais didáticos, onde levei a lição de que independente do tamanho da empresa, você é apenas mais um número. Seja no crachá ou na folha de pagamento.
Ainda em 2003, por 5 meses, fui estagiário no Santander, no suporte às agências. E aprendi que, diferentemente do outro estágio tive duas alegrias: Quando entrei e quando sai! Porém, no mesmo, 2003 até 2004, tive uma micro-empresa, aberta no papel, usada para continuar prestando serviços de comunicação, por conta própria, para a ABB, a pedido deles mesmo.
Com esta experiência, pude sentir um pouco as dificuldades de um profissional autônomo e ver que ter uma empresa, pode ser como entrar em um vício, mesmo eu não tendo nenhum. Pois é fácil e até barato para começar e entrar, mas pode custar caro para sair e fechar. Além de o processo ser lento e poder te deixar louco. Fechei- a há tempos e estou limpo!
Por fim, pelo menos por enquanto, de 2005 a 2009 trabalhei numa empresa de consultoria em imigração, inicialmente na área administrativa, passando a ser Consultor e finalmente executando ações de comunicação e marketing, mas sem alterar o registro em carteira, para dar menos despesas a ela. Sonho com o mundo mais livre. Sonho com o mundo sem vistos!
Claro que por onde passei tudo importou. Das amizades feitas, as experiências adquiridas aos salários recebidos. E as observações acima foram mais para tornar, de certa forma, mais interessante e menos maçante, este currículo, diferente dos demais. Agradeço a todas! Sendo que no geral, pude desenvolver, em todas, atividades relacionadas à comunicação.
A história da esponja é uma verdade, pode perceber. E não vale só para o trabalho. Vale para tudo! Quer dizer, menos para te dar o direito de me chamar de Fernando Esponja. A piada acabou lá em cima, lembra? E o meu objetivo aqui é ver se meu CV interessa aí onde você trabalha, ou sirva para alguém que conheça e possa enviar como faz com as piadas.
Mas se ainda sim quiser me associar com a tal esponja, inclua na brincadeira, minhas habilidades adquiridas em cursos e certificações obtidas no SENAC em editoração eletrônica, softwares gráficos como InDesign, Illustrator, PhotoShop, Corel Draw, Técnico em Informática e um curso de HTML. Sem esquecer o principal: Minha situação crônica!
Situação essa que começou quando fui demitido do meu último emprego, em 11 de Setembro de 2009, aniversário dos atentados nos EUA, que desta vez abalou também as minhas estruturas, mas nem tanto. Pois, graças aos sinais, tive tempo de perceber a tempo, a situação que se formava, preparando a resistência e diminuindo o impacto sobre mim. EU.
Fiquei chateado, mas não caí. Afinal, depressão não combina com reação. Digo isso, mesmo quase tendo cortado o pulso! Mas não proposital! A culpa foi da lâmina de barbear, que por falta de grana não pude trocar, e que na hora de passar, quebrou e voou em mim, enquanto seguia o manual de marketing pessoal, brinde de outro site de empregos famoso.
Foi num desses sites também que li, que um bom currículo deve ter no máximo duas folhas. Pensando nisso, eu até poderia parar por aqui, pois já cumpriria o tamanho determinado, mas como os sinais também me mostram que meu currículo não é tão bom assim, somado ao fato de que isso também é uma crônica, vou me estender só mais um pouco. Prometo!
Pois preciso deste espaço para colocar meus dados de contato, como pede qualquer currículo; mencionar meu site www.sitedoferrari.blogspot.com onde fica meu portfólio com criações publicitárias, além de meus quatro livros já publicados, de forma independente e outros projetos que vou fazendo nos intervalos entre um trabalho e outro.
Também não poderia deixar de fora as habilidades, extracurriculares, que aprendi, como: Fazer malabarismo com pouco dinheiro, incluindo contenção e gerenciamento de despesas, exercitado ao extremo, neste período de vacas magras; além da capacidade de suportar e trabalhar, sob pressão, incluindo a de alguns familiares, mesmo não estando trabalhando.
E por fim, mas não menos importante, tenho que assumir que menti, quando disse que não tenho tido retorno de ninguém. Estou tendo sim. E muito! Retorno mensal das minhas contas, que não param de chegar, que não tiram férias, não me esquecem e nem tenho como demitir. Mas que pretendo logo acertar, já que não adianta brigar nem rasgar, pois são fiéis!
Além disso, quem vive me dando retorno, também, são meus planos e a minha vida. Que de lá da frente, dizem estar me esperando, torcendo e contando os dias para novamente serem realidades, colocados em prática. Além de dizerem que estão esperando que eu não fique como eles, parados, por muito mais tempo. Ajude-me a sair desta crônica, situação.
Fernando Ferrari - (11 8694-8916)
fffernandoferrari@gmail.com
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