O Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo (Sinditáxi)lançou um manual de conduta para os profissionais da classe. São os dez mandamentos do taxista, com orientações sobre "princípios éticos e valorização pessoal". Alguns são curiosos, como "cuidado ao tecer comentários políticos, religiosos e até mesmo futebolísticos. Lembre-se que você é um profissional, não amigo do passageiro".
Se seguir à risca o manual, para quem Valdomiro Oliveira Silva vai contar que tem 62 anos, 34 só de táxi, torce para o Santos, vota no Serra e é fã de Roberto Carlos? "Acho que essa regra não pega. Se o cliente quer nossa opinião, a gente tem de dar", diz ele, que, claro, só fala quando é perguntado.
Presidente do Sinditáxi, Natalício Bezerra é o idealizador do manual. Tem em mente um objetivo lógico: a Copa de 2014. "Temos um evento de grande porte e precisamos nos preparar. Nosso objetivo é melhorar o nível da categoria, mostrar que o taxista de São Paulo é uma referência", afirma.
A cartilha talvez devesse valer também para os passageiros. Pelo menos para os de Damião Jerônimo de Andrade, de 50 anos, santista, "mas não daqueles doentes". "Eles vêm e descarregam um monte de coisas no nosso ouvido. No meu táxi entra gente doente, com problema, com depressão. Aí, é meu papel falar: "Olha, não fica assim não, tem gente pior que você"", conta. "Por isso que além de taxista me considero psicólogo, repórter, amigo, político, professor."
No celular. Passageira frequente de táxis, a economista Carolina de Albuquerque, de 37 anos, diz que ao entrar no carro prefere "ficar na dela". Se vê alguma irregularidade praticada pelo motorista, reclama. "Alguns ficam com o rádio ligado, fumando com o braço para fora, atendem celular no meio do caminho. Aí reclamo mesmo." Carolina não sabe que, segundo o manual, seus problemas acabaram: "na hora de ligar o rádio, peça permissão ao passageiro" e "não fume enquanto dirige" estão no segundo mandamento.
Coisa que Josué Antônio da Silva, de 60 anos, corintiano, evangélico e ombudsman informal dos principais meios de comunicação do País - trabalha na frente de uma banca de jornal -, não faz. "Nem ligo mais o som do meu carro, sabe por quê? O passageiro de hoje já entra falando no celular, mexendo na internet. Ninguém mais quer ouvir música, ouvir conversa, nada disso", diz, com uma ponta de tristeza. "Teve um, uma vez, que esqueceu de dizer aonde ia!"
O consultor de internet Daniel Gasparetti, de 24 anos, não esquece. Ele adora puxar papo com o motorista. "Dou corda para eles falarem. Mesmo que seja uma opinião diferente da minha, é sempre interessante ouvi-los, porque são pessoas que sabem muito da cidade, são engraçados", conta.
O manual, reitera o presidente, não é um regulamento. "São só sugestões de como se portar."
MANDAMENTOS
Roupas
Use sempre trajes adequados no horário de trabalho
Corridas
Nunca reclame de corridas pequenas
Sorriso
Cordialidade e simpatia são essenciais no dia a dia
Gentileza
Sempre que possível, abra a porta e ajude com a bagagem
Higiene pessoal e com o próprio táxi é fundamental. O carro é seu instrumento de trabalho
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