sábado, 9 de março de 2013

MORRE HUGUINHO. ZEZINHO E LUIZINHO CHORAM... OTIMA CRÔNICA EM "ADORNO" AO NOSSO FIM DE SEMANA...

Nosso Cantinho O IMPACTO 09.03.2013 Maurinho Adorno

Morre Huguinho.
Zezinho e Luizinho choram

Huguinho, Zezinho e Luizinho sempre foram muito unidos nas brincadeiras. Nas enrascadas do Pato Donald e do Tio Patinhas eram os três que pagavam o pato para tirar os dois de situações difíceis. Eles eram muito admirados por toda a população da cidade americana de Patópolis. Com o tempo, já em plena juventude, começaram a conhecer melhor a personalidade do tio e do avô: Donald era muito parado e Tio Patinhas, muito avarento, vivia sempre pensando em ganhar mais dinheiro: era um típico imperialista americano, como dizem os avessos ao livre capitalismo.
Com o tempo, os três começaram a sentir uma verdadeira obsessão pela política e pelo poder. Huguinho tinha liderança nata, convencia a todos e sempre lutava pelos mais pobres. Zezinho se revelou, além de um amante pelo poder, um grande coronelista, daqueles que não medem esforços para conquistar altos cargos. Já Luizinho era astuto. Também sabia conquistar as massas e era ardiloso como as mais hábeis raposas. Em dado momento, perceberam que Patópolis não iria oferecer as bases para seus objetivos. Os habitantes eram inteligentes e, principalmente, ímpares em cultura, difíceis de ser manipulados. Resolveram partir.
Com o “mapa mundi” às mãos, estudaram por meses diversos países. Concluíram que deveriam residir em locais onde o povo pobre fosse maioria e com pouca cultura. Seria fácil manipular. Huguinho optou pela Venezuela, país rico em petróleo e de população pobre. Na medida certa. Ao chegar a Caracas, seu primeiro passo foi estudar a vida de Simon Bolívar, um líder muito respeitado pelo povo. Esperto, ao invés de se submeter ao subemprego, alistou-se no Exército, pois sabia que era a forma exata de chegar ao poder e colocar seus sonhos em prática. “O povo gosta de homens fardados”, pensou.
Zezinho apostou no Brasil. Escolheu o estado do Maranhão. Era um local estratégico, pois rapidamente poderia dominar politicamente todo o norte e o nordeste brasileiro. Estudou Direito, aprimorou sua oratória como forma de convencer as pessoas, e entrou para a política. Sabia que um dia seria um dos coronéis, daqueles que conseguem tudo. Aprendeu que era preciso, além de ter status social, saber articular, manobrar, manipular e, principalmente, alcançar altos cargos públicos. E, é lógico, ficar sempre ao lado dos que tivessem poder, seja nos governos ou em empresas estatais.
Luizinho escolheu em Pernambuco uma pequena cidade, com pobreza acima da média. Mas, esperto, rapidamente mudou-se para São Bernardo do Campo, onde as empresas automobilísticas cresciam assustadoramente e a cada ano aumentavam em milhares os seus metalúrgicos. Entrou para o sindicato da categoria e em pouco tempo falava para multidões de trabalhadores. Assim como seus irmãos, resolveu entrar para a política, onde iria conquistar o poder. Limitadíssimo em todos os sentidos – exceto no quesito astúcia – perdeu inúmeras eleições.
O militar Huguinho chegou ao poder, depois de muito lero-lero e de luta armada. Falou aos pobres, deu-lhes migalhas e os conquistou. Teve sorte, o petróleo subia assustadoramente de preço no mercado internacional e ele gastava os recursos com os pobres, não só de seu país, mas das nações da redondeza, onde pretendia implantar sua República Bolivariana. Era esperto demais. Prometeu ao seu irmão Luizinho construir uma refinaria de petróleo no Brasil, mas o traiu, pois não honrou a primeira parcela.
Rapidamente Zezinho chegou ao poder. Foi eleito deputado, senador, governador e conquistou a presidência da República, não por méritos próprios, mas sim, beneficiado pela morte do titular. Era vice. Virou a casaca na política por algumas vezes para acomodar seus filhos na política e arrumar empregos a familiares e cabos eleitorais. Zezinho tinha muita habilidade política e extrema capacidade de convencimento, a ponto de se candidatar e se tornar senador por um estado vizinho, o Amapá.
Depois de diversas derrotas, Luizinho conquistou a presidência da República. Apostou nos pobres e oprimidos. Sua receita: o clientelismo. Inventou bolsa para tudo. Em seu governo surgiu até o chamado “Bolsa Mensalão”, um saco sem fundos, destinado a arrecadar dinheiro para cooptar deputados e atingir o objetivo do partido: a perpetuidade no poder. Mesmo sendo arrogante, conseguiu conquistar as bases. Emplacou a primeira mulher presidente do país. E, garanhão que passou por Garanhuns, emplacou também a Rose. Sempre com ótima convivência com o Huguinho e o Zezinho.
Nesta semana, o Huguinho faleceu. Zezinho e Luizinho estão tristes. O trio de patetas não existe mais. Restaram ainda dois. Ou melhor: 222,8 milhões de patetas espalhados pelo Brasil e pela Venezuela.
Maurinho Adorno é jornalista.

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