Trogloditas Ambidestros
(mais uma boa colaboração do bem informado Nestor Figueiredo - líder da comunidade do saudoso comunicador do rádio am - Hélio Ribeiro)
O nosso camaradíssimo presidente Lula disse, esses dias, em discurso, que não haverá “trogloditas de direita” nas próximas eleições. O que isso afeta na rotina de trabalho do nosso cidadão comum? Nada. Afinal de contas, na prática, nossa política tem andado meio ambidestra.
Há, por algum absurdo acaso, algum cidadão que compreenda algo sobre a esquerda e a direita da nossa simpática e morosa politicagem? Algum dos nossos, daqui da terra, mortais, sabe o que implica o presidente ser da esquerda, ou eventualmente direita? Só sabemos que é justamente na mão esquerda que lhe falta um dedo mínimo, mas faz alguma diferença? No final das contas, o troca-troca de partidos, os escandalosos e barulhentos trâmites (i)legais do nosso legislativo e aquela sensação de ser passado pra trás, que toma conta de nós toda vez que saímos de uma urna eleitoral, transformam qualquer posição política numa coisa meio... bissexual, entende?
E a coisa fica por isso mesmo, no final o eleitor é engabelado da mesma forma catastrófica e cara-de-pau de sempre. Afinal de contas, se um esquerdista entra no poder, aqui na ilha de Vera Cruz, eu já interpreto como direita. Não adianta me vir com discurso adocicado e nem inflamadas discussões a respeito de Kama Sutra político. Para mim, esquerda, direita, centro, tanto faz quem fica por cima. A farinha sai do mesmo saco. E olha que esse saco não cheira bem...
Canhoteiros e destros suavemente à parte, gostaria de dizer que acredito sim, até acredito mesmo, que o posicionamento implique algo, sirva para alguma coisa, lá no Olimpo, antes da contagem de votos. Depois, mistura o joio e o trigo, e tudo vira a mesma massa da pizza eleitoral brasileira. Tudo sempre acaba em pizza. Aqui embaixo fica por isso mesmo, o cidadão olha pro céu e prevê a eleição, como quando adivinha que vai chover. Abaixa a cabeça e abre o guarda-chuva, resignado. Não há nada que ele possa fazer, exceto usar o título de eleitor para limpar a lama dos sapatos, ao chegar em casa.
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