segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O VERDADEIRO SABERLADINO...

ÓI NÓIS AQUI TRAVEIS

Heródoto Barbeiro - ("UMA OBRA DO NOSSO MESTRE!")

Os demônios da Garôa imortaliaram uma música que se transformou em um ícone da MPB, e que tem entre os seus autores o jornalista Joseval Peixoto, da Jovem Pan. O texto diz ” se você pensa que nóis fumus embora, nóis engamos vocêis, fingimo que fumus e vortemo, ói nóis aqui traveis”. O estilo lembra o bom Adoniran Barbosa. Pelo menos 83% dos deputados e senadores envolvidos em algum tipo de escândalo no ano passado vão tentar voltar a vída pública nas eleições~ de outubro deste ano, ou vão permanecer nos seus cargos por mais algum tempo. É o caso de um terço dos senadores que ainda têm mais 4 anos de mandato. Segundo a Folha, os envolvidos são citados em escândalos como a farra das passagens aéreas, uso irregular da verba indenizatória, atos secretos do senado, recebimento de propinas de empreiteiras, financiamento fraudulento de campanhas, etc.. De toda essa enxurrada de suspeitos, até agora ninguém foi preso, nem foi condenado, uma vez que desfrutam de foro privilegiado e só podem ser julgados pelo Supremo Tribunal Eleitoral. Uns tentam se eleger para os mesmos cargos, outros querem subir na carreira, e todos buscam o mandato como forma de fugir da punição da justiça comum. Há caso de acusado que é candidato a governo do estado e já está fazendo campanha com a maior cara de pau. Alguns superam os que foram campeões no passado, e são pilhados hoje com dinheiro na meia, na bolsa ou comprando um caminhão de panetones fantasmas. Tudo mascarado para enganar o distinto público.

Mais de um deputado pagava o salário da empregada doméstica de sua casa particular com a verba pública, e quando descoberta a falcatrua, as domésticas foram colocadas no olho da rua. Mais uma vez se puniu o termômetro e não a febre. Não escapa nem os nomões cogitados para a vice na chapa para a presidência da república. Se ganharem ficarão tranqüilos para o resto de suas vidas, e quem sabe ainda, terão os seus retratos pendurados nas salas mais importantes das repartições públicas e empresas estatais. Retratos bem tirados, retocados, rugas botoquizadas, cabelos caramelados, e um olhar de causar inveja em um Roosevelt, Churchill, Gandhi ou Nélson Mandela. Uso da gráfica do senado e pagamento de motorista particular com verba pública é o que mais tem.

Veja o imenso trabalho que o eleitor/cidadão/contribuinte vai ter se quiser dar uma contribuição para melhorar o nível político do país e atenuar o processo de corrupção que se espalha como nunca no Brasil. Tem em Brasília um jargão que diz que para fazer negócio com o governo tem que separar três por cento para as campanhas eleitorais, se não nada feito. Se ocorrer como no passado que a escolha dos cargos executivos como presidente e governador polarizarem a opinião pública e monopolizarem o horário político eleitoral muitos desses suspeitos vão conseguir se eleger, como já aconteceu com envolvidos no escândalo do mensalão, sanguessugas, ambulâncias e outros. A mudança pela via democrática também se dá pelo voto na eleição e o pleito deste ano deve ser avaliado como uma oportunidade de melhoria da vida pública brasileira. Não basta verificar se o candidato merece ou não o seu voto, é preciso ir além, ou seja, divulgar o nome dele entre parentes, amigos, colegas de trabalho e o máximo possível nas redes de relacionamento na internet. Isto vale tanto para o bem como para o mal. Há gente honesta, é preciso identificá-los e divulgar o seu nome como alternativa para se fugir dos mesmos que estão no inconsciente coletivo da população.Eles já aprenderam que tem que disputar qualquer eleição como forma de reforçar o que os especialistas chamam de share of mind, isto é por falta de outro critério de escolha, a pessoa vota naquele nome que tem alguma lembrança.Apesar da proibição da lei já se faz campanha antecipada por todo lado. Nos muros da cidade, nas inaugurações, nas inspeções de obras, no comparecimento imediato em locais de tragédia, enfim, ficar na foto para que o eleitor/contribuinte/cidadão vote pelo perfil e não pelo critério crítico de saber quem é e o que fizeram os candidatos, principalmente os que procuram a reeleição.

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