'Decapitação começou com Matsunaga vivo', afirma D'Urso
Advogado da família da vítima diz que laudo necroscópico contradiz versão de Elize. Polícia enviou inquérito do caso Yoki ao Ministério Público e pediu prisão preventiva da acusada
Valmar Hupsel Filho
Elize Matsunaga, mulher do empresário Marcos Kitano Matsunaga, detida após ter a prisão temporária decretada (Carlos Pessuto/FuturaPress)
Última peça anexada ao inquérito policial sobre o assassinato de Marcos Matsunaga, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) sugere que o executivo estava vivo quando teve a cabeça cortada. O documento aponta ainda que o executivo foi surpreendido com o tiro que atingiu sua cabeça, à queima-roupa, o que coloca em dúvida a versão da assassina confessa, Elize Araújo Matsunaga, de que teria disparado no calor de uma disucssão com o marido e em legítima defesa. "As informações do laudo indicam que houve premeditação por parte dela", afirmou Luiz Flávio Borges D'Urso, advogado contratado pela família da vítima para acompanhar o caso. "Já tenho elementos para pedir a pena máxima durante o julgamento."
Em seu depoimento, Elize disse à polícia que disparou contra Marcos em meio a uma discussão depois de receber um tapa no rosto. Segundo ela, o executivo estava em pé, diante dela, e teria desdenhado depois que ela lhe apontou a arma. Ela disse ainda que, após atirar no marido, esperou cerca de 10 horas antes de começar a cortar o corpo.
A perícia, entretanto, constatou que o tiro atingiu a cabeça de Marcos numa trajetória “da esquerda para a direita, de frente para trás e de cima para baixo, a uma distância de 15 a 20 centímetros”. Com base no laudo do IML, o advogado da família Matsunaga, Luís Flávio D’Urso, acredita que o empresário foi surpreendido, e que provavelmente estava sentado, ao ser atingido pelo disparo. “Elize é mais baixa que Marcos”, disse o advogado.
Asfixia por sangue - Segundo D’Urso, o laudo sugere ainda que Marcos Matsunaga ainda estava vivo quando sua cabeça começou a ser separada do pescoço. O texto do documento aponta que a causa da morte foi "choque traumático associado a asfixia respiratória por sangue aspirado devido a decapitação".
“Com base no laudo, podemos concluir que Marcos não morreu com o tiro, e foi asfixiado pelo sangue que jorrou para as vias respiratórias quando Elize começou a decapitá-lo”, disse D'Urso. Segundo o advogado, o laudo é peça fundamental para levar à conclusão de que Eize agiu de forma premeditada, e não por legítima defesa e tomada pela emoção – o que poderá agravar a pena numa provável condenação.
Elize está sob custódia no presídio feminino de Itapevi desde 4 de maio. Ela deverá responder por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e meio cruel) e ocultação de cadáver. Com o inquérito, a polícia enviou também à Justiça o pedido de prisão preventiva. Caso seja aceita pelo juiz Theo Assuar Gragnano, da Vara Criminal de Cotia, Elize pode ficar presa até o julgamento. A defesa de Elize aguarda a decisão para decidir se pede ou não a revogação. Sobre o laudo, o advogado Luciano Santoro disse que até a noite desta quinta-feira ainda não havia analisado o documento e, por isso, não pretendia se pronunciar.
O inquérito policial será recebido pela promotora Camila Teixeira Pinho, da 4ª Promotoria de Justiça de Cotia, que poderá optar por oferecer denúncia ou solicitar novas diligências. O arquivamento do caso, que também seria uma opção, está descartado. Camila Pinho já vem acompanhando a investigação desde o início, auxiliada pelas colegas Maria Gorete Pimentel Marques (1ª Promotoria de Justiça) e Kátia Peixoto Villani (2ª Promotoria) – ambas também de Cotia.
Quando Elize Matsunaga foi presa, ainda como suspeita, a promotora manifestou-se favorável à decretação da prisão temporária por 30 dias. A Justiça inicialmente decretou a prisão por cinco dias e, no dia em que Elize confessou ter assassinado e esquartejado o marido, estendeu o prazo da prisão por mais 15 dias.
Camila Pinho também se manifestou contrariamente à revogação da prisão temporária, quando a defesa de Elize solicitou-a à Justiça, na última segunda-feira, com o argumento de ausência de justificativa, uma vez que a investigação policial estaria encerrada.
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